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| EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO | |
| | Autor | Mensagem |
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Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Seg Set 28, 2009 4:48 pm | |
| Eugénio de Andrade foi o pseudónimo de José Fontinhas poeta português do séc. XX, nascido na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de Janeiro de 1923, fixando-se em Lisboa em 1932 com a mãe, que entretanto se separara do pai.
Estudou no Liceu Passos Manuel e na Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado “Narciso”, publicou três anos mais tarde.
Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Tornou-se funcionário público em 1947, exercendo durante 35 anos as funções de inspector administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.
A sua consagração já acontecera dois anos antes, em 1948, com a publicação de “As mãos e os frutos”, que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio. Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, “Os amantes sem dinheiro” (1950), “As palavras interditas” (1951), “Escrita da Terra” (1974), “Matéria Solar” (1980), “Rente ao dizer” (1992), “Ofício da paciência” (1994), “O sal da língua” (1995) e “Os lugares do lume” (1998).
Durante os anos que se seguem, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny de Vasconcelos, José Luís Cano, Ángel Crespo, Luís Cernuda, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, ÿscar Lopes, e muitos outros…
Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com “essa debilidade do coração que é a amizade”. Viveu em Lisboa de 1932 a 1943. Fixou-se no Porto, a partir de 1950, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais. Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após doença neurológica prolongada. | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Seg Set 28, 2009 4:58 pm | |
| As Palavras...
São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Ter Set 29, 2009 6:35 pm | |
| As Amoras
O meu país sabe as amoras bravas no verão. Ninguém ignora que não é grande, nem inteligente, nem elegante o meu país, mas tem esta voz doce de quem acorda cedo para cantar nas silvas. Raramente falei do meu país, talvez nem goste dele, mas quando um amigo me traz amoras bravas os seus muros parecem-me brancos, reparo que também no meu país o céu é azul. Eugénio de Andrade in "O Outro Nome da Terra"
Última edição por Anarca em Qua Set 30, 2009 4:17 pm, editado 1 vez(es) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Qua Set 30, 2009 4:16 pm | |
| Respiro o teu corpo
Respiro o teu corpo: sabe a lua-de-água ao amanhecer, sabe a cal molhada, sabe a luz mordida, sabe a brisa nua, ao sangue dos rios, sabe a rosa louca, ao cair da noite sabe a pedra amarga, sabe à minha boca.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Qui Out 01, 2009 4:19 pm | |
| Urgentemente
É urgente o Amor, É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros, e a luz impura até doer. É urgente o amor, É urgente permanecer.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Ter Out 06, 2009 4:37 pm | |
| As Frágeis Hastes
Não voltarei à fonte dos teus flancos ao fogo espesso do verão a escorrer infatigável dos espelhos, não voltarei.
Não voltarei ao leito breve onde quebrámos uma a uma todas as frágeis hastes do amor.
Eis o outono: cresce a prumo. Anoitecidas águas em febre em fúria em fogo arrastam-me para o fundo.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio" | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Qua Out 07, 2009 4:22 pm | |
| Obscuro Domínio
Amar-te assim desvelado entre barro fresco e ardor. Sorver o rumor das luzes entre os teus lábios fendidos.
Deslizar pela vertente da garganta, ser música onde o silêncio aflui e se concentra.
Irreprimível queimadura ou vertigem desdobrada beijo a beijo, brancura dilacerada
Penetrar na doçura da areia ou do lume, na luz queimada da pupila mais azul,
no oiro anoitecido entre pétalas cerradas, no alto e navegável golfo do desejo,
onde o furor habita crispado de agulhas, onde faça sangrar as tuas águas nuas.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio" | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Seg Out 12, 2009 8:25 pm | |
| Os Amigos
Os amigos amei despido de ternura fatigada; uns iam, outros vinham, a nenhum perguntava porque partia, porque ficava; era pouco o que tinha, pouco o que dava, mas também só queria partilhar a sede de alegria - por mais amarga.
Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia" | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Qua Out 14, 2009 4:35 pm | |
| Urgentemente
É urgente o amor É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.
Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã" | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Qui Out 15, 2009 4:24 pm | |
| Até Amanhã
Sei agora como nasceu a alegria, como nasce o vento entre barcos de papel, como nasce a água ou o amor quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma à roda do corpo que desperta, sílaba espessa, beijo acumulado, amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito, um grito apertado nos dentes, galope de cavalos num horizonte onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei. De coisas que te dou para que tu as ames comigo: a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã" | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Sex Out 16, 2009 4:47 pm | |
| Procuro-te
Procuro a ternura súbita, os olhos ou o sol por nascer do tamanho do mundo, o sangue que nenhuma espada viu, o ar onde a respiração é doce, um pássaro no bosque com a forma de um grito de alegria.
Oh, a carícia da terra, a juventude suspensa, a fugidia voz da água entre o azul do prado e de um corpo estendido.
Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. Chamo por ti, e o teu nome ilumina as coisas mais simples: o pão e a água, a cama e a mesa, os pequenos e dóceis animais, onde também quero que chegue o meu canto e a manhã de maio.
Um pássaro e um navio são a mesma coisa quando te procuro de rosto cravado na luz. Eu sei que há diferenças, mas não quando se ama, não quando apertamos contra o peito uma flor ávida de orvalho.
Ter só dedos e dentes é muito triste: dedos para amortalhar crianças, dentes para roer a solidão, enquanto o verão pinta de azul o céu e o mar é devassado pelas estrelas.
Porém eu procuro-te. Antes que a morte se aproxime, procuro-te. Nas ruas, nos barcos, na cama, com amor, com ódio, ao sol, à chuva, de noite, de dia, triste, alegre - procuro-te.
Eugénio de Andrade, in "As Palavras Interditas" | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Seg Out 19, 2009 1:51 pm | |
| Onde me levas, rio que cantei,
Onde me levas, rio que cantei, esperança destes olhos que molhei de pura solidão e desencanto? Onde me leva?, que me custa tanto.
Não quero que conduzas ao silêncio duma noite maior e mais completa. com anjos tristes a medir os gestos da hora mais contrária e mais secreta.
Deixa-me na terra de sabor amargo como o coração dos frutos bravos. pátria minha de fundos desenganos, mas com sonhos, com prantos, com espasmos.
Canção, vai para além de quanto escrevo e rasga esta sombra que me cerca. Há outra fase na vida transbordante: que seja nessa face que me perca.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Ter Out 20, 2009 4:33 pm | |
| Oiço falar
Oiço falar da minha vocação mendicante e sorrio. Porque não sei se tal vocação não é apenas uma escolha entre riquezas, como Keats diz ser a poesia. Desci á rua pensando nisto, atravessei o jardim, um cão saltava á minha frente, louco com as folhas do outono que principiara e doiravam o chão. A música, digamos assim, a que toda a alma aspira, quando a alma aspira a ter do mundo o melhor dele, corria á minha frente, subia por certo aos ouvidos de deus com a ajuda de um cão, que nem sequer me pertencia.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Qua Out 21, 2009 1:23 pm | |
| O sal da língua
Escuta, escuta: tenho ainda uma coisa a dizer. Não é importante, eu sei, não vai salvar o mundo, não mudará a vida de ninguém - mas quem é hoje capaz de salvar o mundo ou apenas mudar o sentido da vida de alguém? Escuta-me, não te demoro. É coisa pouca, como a chuvinha que vem vindo devagar. São três, quatro palavras, pouco mais. Palavras que te quero confiar, para que não se extinga o seu lume, o seu lume breve. Palavras que muito amei, que talvez ame ainda. Elas são a casa, o sal da língua.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Sex Out 23, 2009 5:36 pm | |
| É urgente o amor
É urgente o amor. É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Seg Out 26, 2009 5:27 pm | |
| Entre os teus lábios
Entre os teus lábios é que a loucura acode, desce à garganta, invade a água.
No teu peito é que o pólen do fogo se junta à nascente, alastra na sombra.
Nos teus flancos é que a fonte começa a ser rio de abelhas, rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos é que a areia queima, o sol é secreto, cego o silêncio.
Deita-te comigo. Ilumina meus vidros. Entre lábios e lábios toda a música é minha.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Ter Out 27, 2009 2:47 pm | |
| As palavras
São como cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem. Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Qui Out 29, 2009 6:39 pm | |
| Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio. Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, gastámos as mãos à força de as apertarmos, gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro! Era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes! E eu acreditava! Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos, no tempo em que o teu corpo era um aquário, no tempo em que os teus olhos eram peixes verdes. Hoje são apenas os teus olhos. É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras. Quando agora digo: meu amor... já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração.
Não temos nada que dar. Dentro de ti Não há nada que me peça água. O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Sex Out 30, 2009 7:36 pm | |
| Os amantes sem dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava Tinham lendas e mitos e frio no coração. Tinham jardins onde a lua passeava de mãos dadas com a água e um anjo de pedra por irmão. Tinha como toda a gente o milagre de cada dia escorrenbdo pelos telhados; e olhos de oiro onde ardiam os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos, e silêncio à roda dos seus passos, mas a cada gesto que faziam um pássaro nascia dos seus dedos e deslumbrado penetrava nos espaços.
(Eugénio de Andrade) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: EUGÉNIO DE ANDRADE - O POETA DO CORPO Seg Nov 02, 2009 8:19 pm | |
| Deixa a mão
Deixa a mão caminhar perder o alento até onde se não respira.
Deixa a mão errar sobre a cintura apenas conivente com nácar da língua.
Só um grito desde o chão pode fulminá-la.
A morte não é um segredo não é em nós um jardim de areia.
De noite no silêncio baço dos espelhos um homem pode trazer a morte pela mão.
Vou ensinar-te como se reconhece repara é ainda um rapaz não acaba de crescer nos ombros a luz desatada a fulva lucidez dos flancos.
A boca sobre a boca nevava.
(Eugénio de Andrade) | |
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