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 SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras

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Anarca

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MensagemAssunto: SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras   SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras EmptyTer Abr 20, 2010 1:24 pm

Síntese.

Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo pessimista em sua visão do mundo, considerou a última e mais fundamental força da natureza a Vontade que se manifesta em cada ser no sentido da sua total realização e sobrevivência. Iniciou estudos de medicina na universidade de Gottingen, mudando depois para filosofia, na universidade de Berlim. Sua tese Vierfach Wutzel der Zats uber zurechern Grund ( "Sobre a quádrupla raiz do princípio da razão suficiente") foi escrita em 1813. O difícil convívio com sua mãe com certeza marcou sua personalidade mas lhe permitiu conhecer intelectuais como Goethe (1749-1832), que freqüentavam sua casa em Weimar, centro da vida cultural alemã em sua época. Die Welt als Wille and Vorstellung ("O Mundo como vontade e representação") apareceu em 1818. Com a herança recebida do pai pôde viver sua vida de solteiro com relativo conforto e inteiramente entregue ao seu trabalho intelectual.

Formação.

Arthur Schopenhauer nasceu a 22 de fevereiro de 1788 em Gdansk, na Polônia, cidade que depois passaria à Prússia como Danzig, e voltaria a ser Gdansk após a Segunda Guerra Mundial. Sua mãe, Johanna, foi escritora, e seu pai Heinrich Floris Schopenhauer, foi negociante e era um homem irascível e dominador. Quando em 1793 Dantzig passou à Prússia, a família mudou-se para Hamburgo.

Ao final de sua infância Schopenhauer viveu por perto de dois anos (1798/1800) no Havre de Grâce, França, em casa de um comerciante amigo de seu pai. No retorno a Hamburgo estudou em uma escola particular de comércio as doutrinas econômicas dos iluministas. A idéia era que ele continuasse as especulações financeiras do pai.

Com 15 anos acompanhou os pais em viagem pela Europa, em um giro contrário aos ponteiros do relógio: Bélgica, França, Suíça e Áustria. Seus biógrafos salientam que ficou impressionado com a prisão de Bagno, em Toulon, na França, que reunia seis mil galés, um quadro de miséria humana que pode ter contribuído muito para o seu extremo pessimismo.

Passou à prática comercial, ao falecer seu pai em 1805. Este suicidou aos 58 anos, aparentemente por problemas mentais de fundo genético (sua progenitora havia morrido louca) e prejuízos financeiros. A mãe, viuva aos 38 anos, e a irmã do filósofo foram para Weimar. Ele permaneceu em Hamburgo para cuidar de negócios e somente em maio de 1807 foi juntar-se à família em Weimar.

1809 Matriculou-se na escola de Medicina da Universidade de Göttingen. Porém desistiu da medicina e passou à filosofia e Letras (humanidades) no 2o semestre. Trocou Göttingen por Berlim no outono de 1811, e lá foi aluno de Fichte e de Friedrich Schleiermacher um dos pais da moderna teologia. Agradaram-lhe mais as aulas de Friedrich August Wolf . Estudou Platão e Kant e teve a influência de Gottlob Ernst Schultze, autor de Aenesidemus, critico do kantismo.
Devido à guerra, deixa Berlim para viver em uma hospedaria em Rodolstadt. Termina sua tese "Vierfach Wutzel der Zats uber zurechern Grund ( "Sobre a quadrupla raíz do princípio da razão suficiente) que apresenta na Universidade de Jena em 1813
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MensagemAssunto: Re: SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras   SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras EmptyQua Abr 21, 2010 1:14 pm

Período em Weimar.

Schopenhauer não aprovava a conduta da mãe e as relações entre os dois ficaram difíceis, quando ele se juntou à família em Weimar. Ele não quis morar sob o mesmo teto que ela e ia à sua casa apenas quando ela dava recepções. Ainda assim as censuras e as acusações mútuas, ela de que ele era arrogante e presumido, ele reprovando seu comportamento livre, levaram a uma rutura definitiva entre mãe e filho. Uma pequena mostra dessa arrogância é muito citada: Schopenhauer teria dito que ela seria conhecida no futuro não pelo que ela escreveu, mas pelo fato de ter sido a mãe dele. Em uma de suas discussões a mãe o empurrou escada abaixo. No entanto, foi nas reuniões de que participou em casa de sua mãe que Schopenhauer conheceu as figuras mais importantes da cidade, inclusive Goethe, que podia levar consigo a amante Christiane, recusada em casa de seus outros amigos.

No inverno de 1813-1814 trabalhou com Goethe em um artigo sobre as cores, Über des Sehen und die vorstellung ("Sobre a visão e as cores") apoiando as idéias de Goethe contra Newton, que seria publicado em 1816...

Além de Goethe, Schopenhauer conheceu em Weimar a Johan Gottfried Herder, o clérigo então célebre por haver liderado o movimento Sturm und Drang; o discípulo de Herder, Friedrich Maier, que o introduziu na filosofia hindu, e ao poeta Christoph Martin Wieland, que publicava a prestigiosa revista literária "Mercúrio alemão". Goethe reconhecia seu talento para a investigação filosófica. Também conheceu - e apaixonou-se por ela -, a cantora Karolina Jagemnn, amante do Duque Carlos Augusto, e inimiga de Goethe.

Em maio de 1814 rompeu definitivamente com sua mãe e foi viver em Dresden. Depois que deixou Weimar, nunca mais procurou por ela nos 24 anos que ela ainda viveu.

Período em Dresden.

Schopenhauer haveria de passar alguns anos em Dresden. Lá colaborou ocasionalmente no periódico Dresdener Abendzeitung ("Jornal vespertino de Dresden") e se tornou amigo do filosofo panteísta K G F Krause com o qual podia discutir filosofia oriental. Lá terminou seu artigo sobre as cores, iniciado com Goethe, e publicado em 1816, e esteve ligado a uma mulher.

Nos três anos seguinte escreveu sua obra principal Die Welt als Wille and Vorstellung ("O Mundo como vontade e representação") que seria publicado em 1819.

A obra está dividida em quatro livros. O primeiro trata da teoria do conhecimento, iniciando-se por Kant, para quem o mundo só é conhecido em sua aparência, e pelos fenômenos que relacionam as coisas entre si.

No livro II, trata do homem, do sujeito que conhece os fenômenos, conhece a si mesmo externamente, mas não pode conhecer sua própria essência. No entanto o homem pode conhecer a Vontade, que é algo em si mesma, independente de aparências. E conclui que essa "coisa em si" é a essência e a força não apenas do homem mas de todo o universo, e sua permanente insatisfação a causa de todos os males.

Nos livros III e IV Schopenhauer desenvolve suas idéias sobre Ética e Estética. As artes permitem ao homem viver momentos em que está livre da Vontade. Classifica as artes segundo esse poder: Arquitetura é a menos capaz de dar essa liberdade, e a música é a mais libertadora de todas, ultrapassando a poesia. A superação definitiva da vontade, no entanto, tem por único caminho renunciar ao individualismo, compadecer-se do sofrimento alheio e viver como os gênios e os santos, uma vida de ascetismo e desprendimento.
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MensagemAssunto: Re: SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras   SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras EmptyQui Abr 22, 2010 1:23 pm

Maturidade.

Em 1819 Schopenhauer fez uma viagem a Itália. Em Veneza teve uma amante, chamada Teresa. Desta viagem ficou registrado um incidente: passeando com a amante, esta mostrou incontida admiração pela figura do poeta inglês Byron, que estava na cidade e passou pelo casal no cavalo a galope. Por ciúme Schopenhauer não procurou pelo poeta, para o qual tinha uma carta de apresentação de Goethe.

Publicou em 1820 Aphorisienen zur Lebenoveisheit ( "Aforismos para a sabedoria da vida").

Após sua viagem à Itália, em 1820, Schopenhauer fez concurso para professor da Universidade de Berlim. Hegel fez parte da banca examinadora. Obteve o lugar na Universidade e começou uma competição com Hegel pelos alunos que pagariam seu salário. Conseguiu apenas nove estudantes. Ficou dois anos ligado à Universidade mas somente lecionou no 1 semestre do primeiro ano. Os estudantes preferiam as aulas de Hegel.

De índole beligerante e cheio de ressentimentos, a partir de então Schopenhauer combateu implacavelmente Hegel e seus colegas amigos daquele filósofo, inclusive Schelling e Fichte, chamando-os fanfarrões e charlatães, e atacou os professores de filosofia em geral no seu ensaio "Sobre a filosofia na universidade". Depois de uma segunda viagem à Itália (1823 e 1824), foi por um ano professor em Munique. Traduziu então o "O oráculo manual", do jesuíta espanhol Baltazar Gracián, cujo estilo autoritário e abundante em máximas morais ele admirava.

A partir de 1831 passou a residir em Frankfurt on Main.

Um seu biógrafo conta que Schopenhauer havia herdado uma participação na firma do pai e viveu com modesto conforto com a renda que isso lhe proporcionava. Investiu seu dinheiro com uma sabedoria que não condiz com um filosofo.

Quando uma empresa da qual ele havia adquirido ações faliu, e os outros credores concordaram com um acerto na base de 70%, Schopenhauer lutou pelo pagamento integral, e ganhou. Ficou com o suficiente para alugar dois quartos numa pensão; ali viveu os últimos trinta anos de sua vida.


Última edição por Anarca em Sex Abr 23, 2010 2:00 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras   SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras EmptySex Abr 23, 2010 1:59 pm

Últimos anos.

Sempre sustentado por rendas com origem na herança recebida do pai, quando não estava escrevendo despendia o tempo em observações no Museu de Ciências Naturais, freqüentava teatros e concertos, ocupava-se da leitura dos clássicos, de mestres espanhóis e literatos franceses, e mantinha pouco contacto social. Sem nenhum amigo, tinha por companheiro um cachorro, um pequeno poodle ao qual deu o nome de Atma (o termo brâmane para indicar a Alma do Mundo), mas os galhofeiros da cidade o chamavam de "Schopenhauer Júnior". Caminhava solitário com seu cachorro e falava sozinho na rua, em seus passeios ao fim da tarde.

Jantava, em geral, no Englischer Hof. No inicio de cada refeição, colocava uma moeda de ouro sobre a mesa, à sua frente; e ao final tornava a colocar a moeda no bolso. Foi, sem dúvida, um garçom intrigado com esse gesto que lhe perguntou o significado daquela invariável cerimônia. Schopenhatier respondeu que era sua aposta silenciosa, com a promessa de depositar a moeda na caixa de coleta de esmolas no primeiro dia em que os oficiais ingleses que jantavam lá falassem sobre outra coisa qualquer que não fosse cavalos, mulheres ou cachorros.

Em 1836 publicou Über der willen in der Natur ("Sobre a vontade na natureza"), um complemento ao 2o. livro do Die Welt buscando demonstrar que as descobertas das ciências naturais corroboravam sua teoria da vontade. No prefácio ataca Hegel e seus adeptos. No ano seguinte recebeu um prêmio da Sociedade de Ciências da Noruega pelo Über die Freiheit des Menchlichen willens ("Sobre a liberdade da vontade dos homens"), que depois foi publicado em 1839. Concorreu, mas perdeu, ao prêmio da sociedade de Ciências da Dinamarca com Über des fundament der Moral" ("Sobre os fundamentos da Moral") publicado em 1840, complemento ao 4o. livro do Die Welt. Finalmente reuniu o 4o livro do Die Welt com o Uber des fundament em um único Die beiden grandproblem der Ethik ("Os dois problemas fundamentais da Ética") publicado em 1841.

1848 A revolução

Teve alguns discípulos. Um deles, Julius Francenstadt, conseguiu que um editor de Berlim publicasse seu último livro, o qual fora rejeitado por 3 outros editores, o Parerga und Paralipomena ( significa "Acessórios ou trabalhos menores" e "Remanescentes"), de 1851. O livro teve um inesperado sucesso e contribuiu para tornar o filósofo conhecido. Em1853 John Oxenford, um crítico inglês, escreveu um artigo no Westminster Review contra Hegel usando elementos da filosofia de Schopenhauer o que contribuiu para sua fama.

Wagner lhe enviou "O Anel de Nibelung em 1854, com a dedicatória "com veneração e gratidão". Nesta obra, uma tetralogia, o compositor alemão expressa seus fortes sentimentos pelo nacionalismo alemão, o socialismo internacional, a filosofia de Schopenhauer, o budismo e o cristianismo. Em Bhon e Breslau eram dadas aulas de sua filosofia. Foi comparado ao poeta pessimista italiano Conde Giacomo Leopardi, e recebeu a visita do dramaturgo Friendrich Hebbel e do estadista francês Foucher de Careil. Em 1858 a Academia Real de Ciências de Berlim ofereceu-lhe o título de membro, que ele recusou.

Em 1859 saiu a 3a. edição do Die Welt, em 1860 a segunda edição do Ethika. Faleceu em 21 de setembro de 1860 de mal súbito.
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MensagemAssunto: Re: SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras   SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras EmptySáb Abr 24, 2010 6:45 pm

Pensamento

Platão e Kant.

Schopenhauer assume a doutrina de Platão de que os objetos do mundo não eram mais que aparências, meras sombras das coisas verdadeiras, as quais o homem não podia conhecer neste mundo, feito todo ele de representações imperfeitas. Para Platão as coisas perfeitas e absolutas existiam no mundo das idéias, onde as almas, antes de se encarnarem nos corpos, puderam vislumbrá-las. No mundo das idéias existe a beleza total e completa, mas coisas belas do mundo eram belezas incompletas, eram apenas representações imperfeitas da verdadeira beleza, que estava fora do alcance e da compreensão do homem. No entanto Schopenhauer pondera que existe uma coisa absoluta que o homem conhece totalmente: a vontade.

Analisando minuciosamente também a Kant, Schopenhauer objeta que a Vontade também escapa à sua doutrina. Também Kant havia dito que conhecemos os fenômenos que nos revelam as coisas mas não as conhecemos em si mesmas, totalmente. Nosso conhecimento está preso a certas fórmulas de apreensão da realidade e que só podemos elaborar o conhecimento de modo limitado segundo quatro grupos de formas ou categorias de intuição: o de quantidade, o de qualidade, o de relação e o de modalidade: Uma das doze categorias é, por exemplo, a de pluralidade, ou seja, a percepção de que uma coisa é única ou múltipla, dentro da intuição de quantidade. Assim também se dá com a categoria de causalidade, uma forma de relação, segundo a qual nós podemos dizer que uma coisa é a causa de uma outra, não apenas porque vemos uma sucessão de eventos, mas porque também somos capazes de conceber uma vinculação de causa e efeito.

Kant disse mais que, primeiramente, tudo que sabemos são coisas que se sucedem no tempo e se distribuem no espaço. Espaço e tempo precede, portanto, as 12 categorias, uma vez que não sabemos de nada que não esteja no espaço, real ou imaginário, ou que não esteja no tempo. Para isso que podemos conhecer Kant deu o nome de fenômenos, e para aquilo que existe sem que possamos conhecer, deu o nome de nôumeno que significa, a coisa não aparente, incognoscível, que se costuma dizer também que é "a coisa em si".

Em sua crítica a Kant Schopenhauer diz que existem coisas que conhecemos sem nos valermos de qualquer das categorias, e que também não dependem do tempo e do espaço. A consciência e a vontade.
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MensagemAssunto: Re: SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras   SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras EmptyDom Abr 25, 2010 12:32 pm

A Vontade.

Para descobrir a "coisa em si", Schopenhauer voltou sua atenção para o próprio homem, que também é uma coisa no universo. É verdade que o homem somente pode conhecer seu corpo como fenômeno, como aparência, segundo o tempo e o espaço e as categorias. Porém, voltando-se para o seu interior, já não precisava de tempo nem de espaço para sua consciência. Esta é atemporal e pontual. A vontade, por sua vez, representa o querer viver, é o querer se realizar. A vontade era uma coisa em si mesma, irredutível a qualquer outra coisa, sem causa, independente do tempo e do espaço, etc.

A vontade não se desloca e se extingue passando da coisa desejada para a coisa conquistada, a vontade quer sempre, é avassaladora, é sem sentido. Toda a vida é sofrimento porque é um constante querer eternamente insatisfeito, que leva ao amor, ao ódio, ao desejo ou à rejeição; está presente no mundo como se fosse a própria alma do universo, e era a força total pela qual o mundo existia e se movia. Schopenhauer fez da vontade um ser à parte, que se manifestava em toda a natureza como o substrato de todas as coisas. A vida é a manifestação da vontade. Schopenhauer considera como materialização, realização em força ou materialização da vontade todas as forças e objetos da natureza a gravidade, o magnetismo, os instintos animais, as forças de reação química, etc.

Schopenhauer elimina Deus, e em seu lugar coloca uma "vontade universal" que é a força voraz e indomável da própria natureza. A vontade aqui nada tem a ver com a decisão racional por uma opção de agir, mas trata-se de um ser absoluto, essência primeira, a coisa em si, o noumeno, que é irredutível e gera todas as coisas deste mundo, Essa fome insaciável da Vontade faz o mundo anárquico e cruel. Essa vontade, que é também um substrato, a coisa em si, no homem, é responsável pelos seus apetites incontroláveis. Ao final o homem encontra a morte, o golpe fatal que recebe a vontade de viver, como se lhe fizesse a pergunta: Você já teve o bastante?

Ética.

Não contem a noção de dever mas a noção de renúncia. Schopenhauer propõe uma santidade cristã que é mio caminho para o nirvana hindu. No homem a vontade é algo de que ele tem consciência como vontade de viver e ao mesmo tempo consciência de permanente insatisfação com o que ele é (segundo conhecimento, depois do conhecimento da vontade, é o da sua insatisfação) com o que faz, de modo que a única salvação é a superação da vontade de viver.A única salvação definitiva é a superação da vontade de viver. Para anular a vontade: a renúncia, como fazem os santos, e o nirvana da filosofia hindu (budismo e bramanismo) A vontade é constante dor. Isto faz que a filosofia de Schopenhauer seja um rigoroso pessimismo.

Ciência.

A incursão que Schopenhauer fez na ciência foi tão desastrada quanto a de Goethe, seu mentor em Weimar. Preferiu a teoria das cores do poeta, escrevendo sobre o assunto o seu "Sobre a visão e as cores", de 1816, baseado no Zur Farbenlehre ("Teoria das cores" - 1810) de Goethe, que ignorou os achados pioneiros da ciência de sua época nessa área, notadamente os feitos por Newton. Ao dar a Vontade como propulsora da evolução dos corpos, Schopenhauer pareceu a muitos um seguidor da Teoria da Evolução na linha do pensamento de Lamarck. Porém, Schopenhauer concebe a vontade em seu sistema como algo sem nenhuma meta ou finalidade, um querer irracional e inconsciente, cujo único móvel é meramente o de se impor de alguma forma e se perpetuar.

Schopenhauer não aceitou a teoria das ondas de luz e a nova física da eletricidade desenvolvida por Thomas Young (1773-1829) e Michael Faraday (1791-1867) e se mantinha defensor da teoria das cores formulada por Goethe, com cuja ajuda havia escrito o "Sobre a visão e as cores". Era também adepto da teoria da geração expontânea dos seres, que Pasteur viria de destruir pouco depois.
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MensagemAssunto: Re: SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras   SCHOPENHAUER - Vida, época, filosofia e obras EmptySeg Abr 26, 2010 12:42 pm

Psicanálise.

A visão pessimista que Schopenhauer tem do mundo influenciou vários filósofos depois dele, notadamente Sartre. A sua influência mais forte deu-se, porém, sobre Nietzsche, Freud, e o compositor Richard Wagner. Porém, é na psicanálise de Freud que se pode encontrar um espelho da própria doutrina da Vontade de Schopenhauer. Sua teoria dos apetites inspirou a Freud sua teoria dos instintos e de que o sexo é essa vontade soberana.

O Die Welt als Wille and Vorstellung ("O Mundo como vontade e representação") revela que um grande número dos postulados mais característicos em Freud foram pensados por Schopenhauer. E o mais importante, Schopenhauer articula a maior parte da teoria freudiana da sexualidade. Alguns críticos de Freud chegam a dizer que Freud não fez muito mais que desenvolver na Psicanálise as idéias de Schopenhauer, a começar pela sua teoria dos instintos os quais correspondem perfeitamente à vontade opressora que dirige as ações do homem, e de modo total, não apenas no instinto sexual (eros) como também no instinto de morte (tanatus). O conceito de "Vontade" de Schopenhauer contem também os fundamentos do que viria a ser os conceitos de "inconsciente" e "Id" da doutrina freudiana. A vontade como coisa absoluta e auto-suficiente, tem ela própria "desejos". Quando se manifesta na forma de uma criatura ela busca se perpetuar por via dos meios de reprodução dessa criatura. Por isso o sexo é básico para a vontade perpetuar a si própria, diz Schopenhauer no volume II do Die Welt. Resulta que "o impulso sexual é o mais veemente de todos os apetites, o desejo dos desejos, a concentração de toda nossa vontade".

O que Schopenhaur escreveu sobre a loucura antecipou a teoria da "repressão" e a concepção da etiologia das neuroses na teoria da Psicanálise de Freud. A psicologia em Schopenhauer também contem aspectos do que veio a ser a teoria fundamental do método da livre associação de idéias, utilizado por Freud...

Quando Freud fez seus estudos pré-universitários e universitários, entre 1865 e 1875 Schopenhauer estava na crista de sua fama, e era virtualmente o filósofo do mundo de língua alemã. Mas, se Freud não retirou diretamente de Scopenhauer as suas idéias, pode te-lo feito através da leitura de Brentano. Freud foi seu aluno à época em que Brentano publicou o seu Psychologie vom empirischen Standpunkte ("A Psicologia de um ponto de vista empírico") no qual faz vária referências às idéias de Schopenhauer. Por uma outra via, postulados como os da inibição sexual, o dos complexos de idéias subconscientes, do incesto e da fixação materna, podem ter chegado a Freud filtrados através de Wagner.

Freud recorreu livremente também à mitologia e à filosofia gregas. Além de tomar da filosofia a noção de atividade associativa subconsciente, adotou também como divisão da mente humana a divisão platônica da alma, renomeando-as como Id, Ego e Superego. Ainda aqui Schopenhauer pode ter sido o seu guia e inspirador, porque foi aquele filósofo e não Freud que se dedicou ao estudo da filosofia clássica notadamente ao platonismo.

Wagner.

O compositor Richard Wagner, inspirado no seu perdido amor por Mathilde Wesendonk, que causou sua separação de sua esposa Minna, e influenciado pela filosofia pessimista de Arthur Schopenhauer, escreveu Tristan und Isolde (1857-59), que tem por expressão fundamental a vontade cega. Em 1869 Wagner retomou um antigo projeto, a tetralogia Der Ring des Nibelungen ("O anel de Nibelung"), entrelaçando significados como, em um nível, a preocupação com o nacionalismo alemão, o socialismo internacional, a filosofia de Schopenhauer, o budismo, e o cristianismo; e em outro nível, o tratamento de temas que Freud desenvolveria depois na psicanálise, como o poder dos complexos com origem na inibição sexual, incesto, fixação materna e complexo de Édipo.
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