JORGE SAMPAIO - O DIARREIA VERBAL

Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009

"É bom denunciar estereótipos simplistas”

Alto-representante da ONU para a Aliança das Civilizações destaca a Turquia, Indonésia ou Bósnia-Herzegovina para tornar claro que o secularismo e a Democracia não são incompatíveis com o Islão. E denuncia quem dá uma imagem monolítica do Islão.

Correio da Manhã – Este jornal surgiu na altura do derrube do xá. Que provocou uma mudança tão influente nos últimos 30 anos?

Jorge Sampaio – Eu não sou um especialista do Irão. Mas, em traços gerais, se bem me lembro, pesaram sobremaneira a política de repressão contra todos os dissidentes, a brutalidade da polícia política, a corrupção do regime e, claramente, o descontentamento popular com as políticas de modernização da economia e da sociedade. Em suma, falhou o processo de transição de uma sociedade tradicional e agrária para uma sociedade urbana e industrializada, o que provocou um grande choque, sobretudo no contexto do nacionalismo. De facto, o xá tinha um problema de legitimidade aos olhos dos iranianos, estando profundamente conotado com os interesses externos, o que só reforçou o carisma do ayatollah Khomeini, então o líder da Oposição. Por conseguinte, o xá, ao ‘canalizar’ todo o descontentamento, conseguiu também congregar as forças da Oposição, fossem elas religiosas, nacionalistas, liberais ou comunistas. Por último, a relativa facilidade com que o xá abdicou poderá também ter resultado de alguma indefinição quanto à definição dos apoios externos com que contaria.

Correio da Manhã – Porque falhou o pan-arabismo, em que dominavam ideias laicas?

Jorge Sampaio – A ideia, ou, melhor ainda, o ideal da unidade da nação árabe, mais do que um projecto com força interna de coesão, surgiu, sobretudo, como uma reacção ao colonialismo, que, em boa medida, se impôs graças ao carisma e à liderança de Nasser. A meu ver, os membros da RAU nunca chegaram a um consenso suficientemente forte sobre um núcleo-duro de interesses comuns, sem o qual o projecto ficou inviabilizado (penso, por exemplo, nas posições da Síria ou da Líbia). Vista com o recuo do tempo, penso mesmo que foi mais um instrumento de legitimação do próprio Nasser na comunidade árabe e internacional do que, digamos, uma ideologia. Sabemos bem que, apesar dos seus dinâmicos planos de desenvolvimento económico do Egipto (simbolizados, aliás, na construção da Barragem de Assuão, que foi capital para o sector agrícola), os resultados ficaram aquém das expectativas, devido às necessidades de modernização das Forças Armadas e a conflitos com os países vizinhos.

Correio da Manhã – Como avalia a atitude dos muçulmanos em relação à secularização das sociedades ocidentais?

Jorge Sampaio – Não concordo com as premissas da sua pergunta. Basta pensar na Turquia, na Indonésia ou na Bósnia-Herzegovina – e são só alguns exemplos – para tornar claro que o secularismo e a Democracia não são incompatíveis com o Islão. Por isso, é bom denunciar preconceitos e estereótipos simplistas como este, que pretende dar uma imagem monolítica do Islão.

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«Alguém, como eu, que em cinco eleições personalizadas venceu quatro, tem que ser entendido pelo povo»

(Jorge Sampaio rejeitando o rótulo de que o seu discurso seja indecifrável, confuso e prolixo. in "Única")

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Golpe de Estado à portuguesa

«O que o Dr. Jorge Sampaio fez [dissolução da A.R. e convocação de eleições] foi um golpe de Estado».

(Alexandre Soares dos Santos «Semanário Económico», 23-12-04)

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Jorge Sampaio descontente com a qualidade da democracia portuguesa

Ex-Presidente da República Jorge Sampaio diz-se "nada satisfeito com a qualidade da democracia em Portugal". Na opinião de Sampaio, a sociedade civil no nosso país é "pouco actuante" e os poderes políticos são influenciados por "sectores corporativos", como o da justiça.

"Não estou nada satisfeito com a qualidade da democracia, temos que a requalificar, revitalizar. A começar pela renovação das dinâmicas e das estruturas partidárias. E há uma remobilização dos cidadãos que é necessária" disse Jorge Sampaio à Antena 1.

Questionado sobre de quem é a culpa pelo estado de democracia em Portugal, Sampaio responde "somos todos naturalmente responsáveis".

Na entrevista que hoje foi transmitida, na integra, às 10 horas pela Antena 1, o antigo chefe de estado elogia também "o estilo" do novo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, e alerta para os "perigos" da politização da justiça e da judicialização da política" .

Nesse quadro, Sampaio defende a "diminuição" do segredo de justiça e aponta o dedo à comunicação social, "que arruína a reputação de uma pessoa". "Apregoamos o princípio, violando-o todos os dias e isso parece-me muito grave para a coesão social"diz o ex-Presidente da República.

Sampaio diz considerar "suficientes" os actuais poderes presidenciais e afirma que a revisão constitucional "não é uma prioridade".

Quanto ao apoio à candidatura de Manuel Alegre, o ex-secretário geral do PS garante que "isso é uma coisa" que dirá "primeiro" ao próprio, antes que a "toda a gente", mas deixa um recado, "o PS terá que se definir".

A entrevista de Jorge Sampaio é a primeira de uma série de três, a antigos Presidentes da Répública do ex 25 de Abril, cujo aniversário se assinala no próximo Domingo. Ramalho Eanes e Mário Soares são os próximos entrevistados da Antena 1, na quinta e na sexta feiras, respectivamente.

(Lusa)

PS: Será que ele quer outro "Golpe de Estado"...

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Jorge Sampaio defende aplicação justa de medidas de austeridade

18.06.2010

O antigo Presidente da República, Jorge Sampaio defende uma aplicação justa das medidas de austeridade apresentadas pelo Governo para combater o défice

À margem de uma reunião do Centro Norte-Sul, do Conselho da Europa, o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio afirmou não ter dúvidas de que é preciso um grande esforço para combater o défice, alertando ser necessário que esse esforço seja distribuído de forma equitativa por todos os portugueses.

«Não me surpreendo que as medidas tenham que aparecer, naturalmente que todos temos a noção que podíamos ter em conta as nossas fragilidades, mas o que me preocupa é como vamos assegurar a equidade na repartição dessas medidas», sublinhou Jorge Sampaio.

«Naturalmente são precisas para algumas situações de rendimentos absolutamente extraordinários dar um sinal simbólico de que as coisas são efectivamente bem repartidas», concluiu.

Jorge Sampaio, que intervinha na conferência que assinalou esta terça-feira em Lisboa o 20.º aniversário da criação do Centro Norte-Sul, do Conselho da Europa, dissertou sobre a governação democrática e diversidade cultural.

Jorge Sampaio abordou ainda a situação dos direitos das minorias, considerando que «há muito ainda a fazer» para garantir o respeito pelos direitos humanos destes grupos.

(TSF)

PS: Mas este estarola nunca mais se cala?...

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Aliança das Civilizações – Encontro do Alto Representante com o Corpo Diplomático

25.01.2010

O Alto Representante da Aliança das Civilizações, Dr Jorge Sampaio, reuniu, a 25 de Janeiro, com representantes do Corpo Diplomático acreditado em Lisboa para traçar um conspecto da evolução da Aliança das Civilizações no ano de 2009 e relembrar as prioridades e desafios mais relevantes para o novo ano, tendo-se seguido um período de diálogo com intervenções de vários participantes.

A Aliança das Civilizações é uma iniciativa das Nações Unidas que conta com o apoio de mais de cem países e organizações internacionais que tem por missão tratar das questões colocadas pela diversidade crescente das nossas sociedades através da construção de pontes entre culturas e religiões e da promoção do diálogo e da cooperação intercultural. Para mais informações, consultar www.unaoc.org.

PS: Há sempre um tacho desconhecido que espera por eles...

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