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 SCHELLING - Vida, época, pensamento e obra

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Anarca

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MensagemAssunto: SCHELLING - Vida, época, pensamento e obra    SCHELLING - Vida, época, pensamento e obra   EmptyTer Set 28, 2010 12:06 pm

Embora colega de Fichte e mais velho que Hegel, Schelling está logicamente entre Fichte e Hegel, pelo menos na primeira grande fase da sua especulação filosófica, denominada filosofia da identidade. Ademais, representa ele a filosofia do romantismo, enquanto Schelling assume no seu sistema a concepção romântica, em virtude da qual toda a natureza é espiritualizada, e o espírito humano atinge a essência metafísica da realidade através de uma intuição estética.

Frederico Guilherme Schelling nasceu em 1775, em Leonberg. Em Tubinga teve Hegel como condiscípulo, com o qual, em seguida, sustentou pesada polêmica. Passou da teologia à filosofia e dedicou-se ao estudo de Spinoza, do qual deriva a sua concepção idealista; de Fichte, que constitui o pressuposto imediato do seu pensamento, afastando-se entretanto dele em seguida. Em Leipzig integrou a sua cultura humanista e literária com estudos científicos. Nele influíram também as turvas fantasias da mística alemã. Foi sucessivamente professor nas universidades de Jena, Würzburg, Erlangen, Munique e Berlim, onde dominara o seu adversário Hegel, cujo racionalismo ele demole. Faleceu em Berlim, em 1854, quando o idealismo já estava esfacelado.

Schelling foi um autor variado e fecundo. As faces do seu pensamento são fundamentalmente duas: o período da filosofia da identidade, e o da filosofia da liberdade.

As suas obras principais são: o Sistema do idealismo Transcendental; Representação do meu Sistema (primeira fase, filosofia da identidade); Filosofia e Religião; Pesquisas Filosóficas sobre a Essência da Liberdade Humana e os Objetos Conexos com Esta (segunda fase, filosofia da liberdade).

A filosofia de Schelling é, fundamentalmente, idealista: o espírito, o sujeito, o eu, é princípio de tudo. Como Fichte, admite que a natureza é uma produção necessária do espírito; recusa, porém, o conceito de Fichte de que a natureza tenha uma existência puramente relativa ao espírito. Para ele, a natureza - embora concebida idealisticamente - tem uma realidade autônoma com respeito ao sujeito, à consciência. A natureza é o espírito na fase de consciência obscura, como o espírito é a natureza na fase de consciência clara.
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MensagemAssunto: Re: SCHELLING - Vida, época, pensamento e obra    SCHELLING - Vida, época, pensamento e obra   EmptyQua Set 29, 2010 1:10 pm

Então o princípio da realidade não é mais o eu de Fichte (o eu absoluto, o sujeito puro); mas deverá ser um princípio mais profundo, anterior ao eu e ao não-eu: será precisamente a identidade absoluta do eu e do não-eu, sujeito e objeto, espírito e natureza. Dessa identidade, princípio absoluto da realidade, decorrerá, primeiro, a natureza e o seu desenvolvimento, e depois o espírito com toda a sua história, não como sendo oposição e negação da natureza, mas como seu desenvolvimento e consciência.

Que a natureza seja espiritualidade latente e progressiva, Schelling julga demonstrá-lo mediante a racionalidade imanente na própria natureza, e precisamente mediante a sua finalidade.

Ao surgir a sensibilidade, nasce no universo a consciência espiritual, começa o desenvolvimento do espírito humano, que é um progresso, uma continuação com respeito ao desenvolvimento da natureza.

A unidade, a identidade profunda entre natureza e espírito deveria, segundo Schelling, ser aprendida pela intuição estética expressa na obra de arte, que é a obra do gênio. E o gênio se encontra só no campo estético, não no científico. Unicamente o gênio artístico atinge e revela o artista misterioso que atua no universo.

Logo, a realidade absoluta é identidade entre natureza e espírito, objeto e sujeito: unidade de uma multiplicidade. Mas então surge o problema que assoma em toda concepção monista da realidade: ou a realidade verdadeira cabe ao idêntico, ao indistinto, ao uno imutável; ou o multíplice, o devir do mundo tem uma realidade verdadeira. No primeiro caso, a multiplicidade e o devir do mundo, a natureza e o espírito, são meras aparências subjetivas; no segundo, propende para a primeira solução: o idêntico não é a causa do universo, mas é o próprio universo.

Mas então como se explica a visão, mesmo ilusória, do universo que aparece múltiplo e in fieri? Se a realidade absoluta é una e imutável, e nada existe fora dela, como e donde pode surgir essa visão destruidora do Absoluto? Schelling procura resolver esse problema, passando da filosofia da identidade à filosofia da liberdade, de um sistema racional, a um sistema irracional. Tal passagem é representada pela segunda fase do seu pensamento.
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MensagemAssunto: Re: SCHELLING - Vida, época, pensamento e obra    SCHELLING - Vida, época, pensamento e obra   EmptyQui Set 30, 2010 1:12 pm

Nessa segunda fase, Schelling imagina o ser absoluto, Deus, como indiferença de irracional e racional, possibilidade do irracional e do racional, vontade inconsciente que aspira à racionalidade, à própria auto-revelação. Essa realização de racionalidade, essa revelação de Deus a si mesmo se realizam na determinação das idéias eternas em Deus. Schelling concebe as idéias eternas ao mesmo tempo como verbo de Deus, revelação de Deus a si mesmo, e como exemplares universais e imutáveis das existências particulares e in fieri.

A passagem de Deus, do mundo ideal, ao mundo empírico e contingente, não se pode realizar mediante uma dedução lógica, porquanto há essencial heterogeneidade entre o perfeito, o imutável, o universal e o imperfeito, o temporal, o particular. Tal passagem se explica então mediante um ato arracional, irracional da vontade, de liberdade. E isto é possível, porque as idéias eternas participam da natureza divina, que é liberdade e vontade.

Por conseguinte, elas se podem destacar do Absoluto, decair no mundo empírico da multiplicidade, da individualidade, do contingente, do devir.

E, com efeito, tal queda, tal separação aconteceu e constitui o mundo material e espiritual, natural e humano, com todo o mal que nele existe. Através, pois, da história da natureza e da humanidade, deveria realizar-se progressivamente a redenção dessa queda original, o retorno das coisas a Deus, da multiplicidade à Unidade, do finito ao Infinito. Essa redenção redimiria não só e não tanto o mundo e o homem, mas o próprio Deus: porquanto, ele, assim, superaria o seu fundo originário arracional e irracional, revelando-se plenamente a si mesmo, conquistando a sua racionalidade.

Compreende-se, portanto, como, para Schelling, é racional o mundo das ciências, das idéias; mas irracional o mundo da existência, da realidade. Com relação ao primeiro é possível conhecimento racional, ciência, filosofia; ao passo que o segundo pode ser unicamente descrito com base na experiência.

O pensamento de Schelling é, pelo que se vê, difícil e proteiforme.
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