Anarca
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| Assunto: NICOLAU DE CUSA - Vida, época, pensamento e obras Qui Ago 12, 2010 4:49 pm | |
| Nicolau Krebs nasceu em 1401 em Cusa, de família modesta. Foi educado junto dos Irmãos da vida comum em Deventer, onde sofreu a influência do misticismo alemão; em seguida estudou na Universidade de Heidelberg, foco de nominalismo, e na de Pádua, onde aprendeu a matemática, o direito, a astronomia. Ordenado padre, teve parte notável no concílio de Basiléia (1432); foi, a seguir, legado pontifício, cardeal, bispo.
Viveu seus últimos anos na Itália, onde faleceu em 1464.
As obras fundamentais de Nicolau de Cusa são três: De docta ignorantia, De conjecturis, Apologia doctae ignorantiae.
As fontes prediletas e principais são o misticismo alemão (Mestre Eckart), o platonismo e o neoplatonismo cristão (Santo Agostinho, Pseudo Dionísio, Scoto Erígena, São Boaventura), e os autores de tendência neoplatônica, em geral. Nicolau de Cusa admite, acima dos sentidos, dois graus do saber humano; a ratio e o intellectus.
A ratio ou intelecto discursivo é a faculdade que abstrai das noções particulares os conceitos universais, e forma, em seguida, os juízos e os raciocínios. O seu objeto próprio é o conhecimento da multíplice e do finito. No entanto, também a coisas finitas são imperfeitamente representadas pela ratio, cujo conhecimento se realiza mediante conceitos universais, ao passo que a realidade é constituída por seres individuais. Deus, uno e infinito, não pode certamente ser conhecido pela ratio, cujo objeto é o multíplice e o finito.
Acima da ratio está o intellectus, atividade supra-racional iluminada pela fé ou pela mística, cujo objeto próprio é o Uno e o infinito, Deus. O agnosticismo de Nicolau de Cusa é, portanto, corrigido pelo fideísmo e pelo misticismo. A docta ignorantia consiste precisamente na consciência dos limites e da relatividade da ratio, cujas deficiências são supridas pelo intellectus. Entretanto, esta iluminação é sobrenatural e nada tem que ver com a filosofia, nem é de modo nenhum fundamentada por Cusano. Admitindo, pois, ele, que a razão não nos dá a realidade, segue-se logicamente que a sua filosofia deve finalizar no agnosticismo gnosiológico, e no panteísmo metafísico.
Por certo, o piedoso cardeal foi, na intenção, ortodoxo, teísta, católico. Entretanto, o seu sistema encerra fatalmente uma tendência para o panteísmo. De fato, foi ele acusado de panteísmo emanatista, quando ainda vivia. | |
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