A LIBERDADE É AMORAL
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 ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS

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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyTer Dez 29, 2009 12:44 am

109. ESPÍRITOS SÁBIOS - 4ª Classe

O que especialmente os distingue é a amplitude dos conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão; mas só encaram à Ciência pela sua utilidade, livres das paixões que são próprias dos Espíritos imperfeitos.

110. ESPÍRITOS PRUDENTES - 3ª Classe

Caracterizam-se pelas qualidades morais de ordem mais elevada. Sem possuir conhecimentos ilimitados, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes permite julgar com precisão os homens e as coisas.

111. ESPÍRITOS SUPERIORES - 2ª Classe

Reunem a ciência, a sabedoria e a bondade. Sua linguagem, que só transpira benevolência, é sempre digna, elevada e freqüentemente sublime. Sua superioridade os torna, mais que os outros, aptos a nos proporcionar as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que nos é dado conhecer. Comunicam-se voluntariamente com os que procuram de boa fé a verdade, e cujas almas estejam bastante libertas dos liames terrenos para a compreender; mas afastam-se dos que são movidos apenas pela curiosidade, ou que, pela influência da matéria, desviam-se da prática do bem.

Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir uma missão de progresso, e então nos oferecem o tipo de perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyTer Dez 29, 2009 11:22 pm

PRIMEIRA ORDEM — ESPÍRITOS PUROS

112. CARACTERES GERAIS.

Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, em relação aos Espíritos das outras ordens.

113. PRIMEIRA CLASSE.

Classe única. Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Havendo atingido a soma de perfeições de que é suscetível a criatura, não têm mais provas nem expiações a sofrer. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, vivem a vida eterna, que desfrutam no seio de Deus.

Gozam de uma felicidade inalterável, porque não estão sujeitos nem às necessidades nem às vicissitudes da vida material, mas essa felicidade não é a de uma ociosidade monótona, vivida em contemplação perpétua. São os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. Dirigem a todos os Espíritos que lhes são infefiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e determinam as suas missões. Assistir os homens nas suas angústias, incitá-los ao bem ou a expiação de faltas que os distanciam da felicidade suprema, é para eles uma ocupação agradável. São às vezes designados pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.

Os homens podem comunicar-se com eles, mas bem presunçoso seria o que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyQua Dez 30, 2009 10:11 pm

VI — Progresso dos Espíritos

114. Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que procuram melhorar-se?
— Os Espíritos mesmos se melhoram; melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma superior.

115. Uns Espíritos foram criados bons e outros maus?
— Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir a perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar Dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição. Os Espíritos adquirem o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe. Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da felicidade prometida.

115-a. Segundo isto, os Espíritos, na sua origem, se assemelhadam a crianças, ignorantes e sem experiência, mas adquirindo pouco a pouco os conhecimentos que lhes faltam, ao percorrer as diferentes fases da vida?
— Sim, a comparação é justa: a criança rebelde permanece ignorante e imperfeita; seu menor ou maior aproveitamento depende da sua docilidade. Mas a vida do homem tem fim, enquanto a dos Espíritos se estende ao infinito.

116. Há Espíritos que ficarão perpetuamente nas classes inferiores?
— Não; todos se tornarão perfeitos. Eles mudam, embora devagar, porque, como já dissemos uma vez, um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Querias que Deus, tão grande, tão justo e tão bom, fosse pior que vós mesmos?

117. Depende dos Espíritos apressar o seu avanço para a perfeição?
— Certamente. Eles chegam mais ou menos rapidamente, segundo o seu desejo e a sua submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa que uma rebelde?

118. Os Espíritos podem degenerar?
— Não. A medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionado, mas não retrogradar.

119. Deus pode livrar os Espíritos das provas que devem sofrer para chegar a primeira ordem?
— Se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito, sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária a sua personalidade, e a missão que lhes cabe, nos diferentes graus, está nos desígnios da Providência, com vistas a harmonia do Universo.
Como, na vida social, todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados um general; por que todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.

120. Todos os Espíritos passam pela fieira do mal, para chegar ao bem?
— Não pela fieira do mal, mas pela da ignorância.

121. Por que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem, e outros o do mal?
— Não tem eles o livre-arbítrio? Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade.

122. Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm a consciência de si mesmos, ter a liberdade de escolher entre o bem e o mal? Há neles um princípio, uma tendência qualquer que os leve mais para um lado que para outro?
— O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo. Não haveria liberdade, se a escolha fosse provocada por uma causa estranha a vontade do Espírito. A causa não está nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em virtude de sua espontânea vontade. Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação e outros a resistiram.

122-a. De onde vêm as influências que se exercem sobre ele?
— Dos Espíritos imperfeitos que procuram envolvê-lo e dominá-lo, e que ficam felizes de o fazer sucumbir. Foi o que se quis representar na figura de Satanás.

122-b. Esta influência só se exerce sobre o Espírito na sua origem?
— Segue-o na vida de Espírito, até que ele tenha de tal maneira adquirido o domínio de si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo.

123. Por que Deus permitiu que os Espíritos pudessem seguir o caminho do mal?
— Como ousais pedir a Deus conta dos seus atos? Pensais poder penetrar os seus desígnios? Entretanto, podeis dizer: A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras.

124. Havendo Espíritos que, desde o princípio, seguem o caminho do bem absoluto, e outros o do mal absoluto, haverá gradações, sem dúvida, entre esses dois extremos?
— Sim, por certo, e constituem a grande maioria.

125. Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros?
— Sim, mas as eternidades serão mais longas para eles.
Por essa expressão, as eternidades, devemos entender a idéia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade dos seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver. Essa idéia se renova em todas as provas nas quais sucumbem.

126. Os Espíritos que chegam ao supremo grau, depois de passarem pelo mal, têm menos mérito que os outros, aos olhos de Deus?
— Deus contempla os extraviados com o mesmo olhar, e os ama a todos do mesmo modo. Eles são chamados maus porque sucumbiram; antes, não eram mais que simples Espíritos.

127. Os Espíritos são criados iguais quanto as faculdades intelectuais?
— São criados iguais, mas não sabendo de onde vêm, é necessário que o livre-arbítrio se desenvolva. Progridem mais ou menos rapidamente, tanto em inteligência como em moralidade.
Os Espíritos que seguem desde o princípio o caminho do bem, nem por isso são Espíritos perfeitos; se não têm mais tendências, não estão menos obrigados a adquirir a experiência e os conhecimentos necessários à perfeição. Podemos compará-los a crianças que, qualquer que seja a bondade dos seus instintos naturais, têm necessidade de desenvolver-se, de esclarecer-se, e não chegam sem transição da infância à maturidade. Assim como temos homens que são bons e outros que são maus, desde a infância, há Espíritos que são bons ou maus, desde o princípio, com a diferença capital de que a criança traz os seus instintos formados, enquanto o Espírito, na sua formação, não possui mais maldade que bondade. Ele tem todas as tendências, e toma uma direção ou outra em virtude do seu livre-arbítrio.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySáb Jan 02, 2010 11:21 pm

VII — Anjos e Demônios

128. Os seres que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?
— Não; são Espíritos puros: estão no mais alto grau da escala e reunem em si todas as perfeições.
A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral; não obstante, é freqüentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se: o bom e o mau anjo; o anjo da luz e o anjo das trevas; e nesse caso ele é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua boa significação.

129. Os anjos também percorreram todos os graus?
— Percorreram todos. Mas, como já dissemos: uns aceitaram a sua missão sem murmurar e chegaram mais depressa; outros empregaram maior ou menor tempo para chegar a perfeição.

130. Se a opinião de que há seres criados perfeitos e superiores a todos os outros é errônea, como se explica a sua presença na tradição de quase todos os povos?
— Aprende que o teu mundo não existe de toda a eternidade, e que muito antes de existir já havia Espíritos no grau supremo; os homens, por isso, acreditaram que eles sempre haviam sido perfeitos.

131. Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?
— Se houvesse demônios, eles seriam obra de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres infelizes, eternamente voltados ao mal? Se há demônios, é no teu mundo inferior e em outros semelhantes, que eles residem: são esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo, e que pensam lhe ser agradáveis pelas abominações que cometem em seu nome.
A palavra demônio não implica a idéia de Espírito mau, a não ser na sua acepção moderna, porque o termo grego daimon, de que ela deriva, significa gênio, inteligência, e se aplicou aos seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.
Os demônios, segundo a significação vulgar do termo, seriam entidades essencialmente malfazejas: e seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Mas Deus, que é eternamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos ao mal por sua própria natureza e condenados pela eternidade. Se não fossem obra de Deus, seriam eternos como ele, e nesse caso haveria muitas potências soberanas.
A primeira condição de toda doutrina é a de ser lógica; ora, a dos demônios, no seu sentido absoluto, falha neste ponto essencial. Que na crença dos povos atrasados, que não conheciam os atributos de Deus, admitindo divindades malfazejas, também se admitissem os demônios, é concebível; mas para quem quer que faça da bondade de Deus um atributo por excelência é ilógico e contraditório supor que ele tenha criado seres voltados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente, porque isso negaria a sua bondade. Os partidários do demônio se apoiam nas palavras do Cristo e não seremos nós que iremos contestar a autoridade dos seus ensinos, que desejamos ver mais no coração do que na boca dos homens; mas estariam bem certos do sentido que ele atribuia à palavra demônio? Não se sabe que a forma alegórica é uma das características da sua linguagem? Tudo o que o Evangelho contém deve ser tomado ao pé da letra? Não queremos outra prova, além desta passagem:
"Logo após esses dias de aflição, o sol se obscurecerá e a lua não dará mais a sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências celestes serão abaladas. Em verdade vos digo que esta geração não passará, antes que todas essas coisas se cumpram". Não vimos a forma do texto bíblico contraditas pela Ciência, no que se refere criação e ao movimento da Terra? Não pode acontecer o mesmo com certas figuras empregadas pelo Cristo, que devia falar de acordo com o tempo e a região em que se achava? O Cristo não poderia ter dito conscientemente uma falsidade. Se, portanto, nessas palavras há coisas que parecem chocar a razão, é que não as compreendemos ou que as interpretamos mal.
Os homens fizeram, com os demônios, o mesmo que com os anjos. Da mesma forma que acreditaram na existência de seres perfeitos, desde toda a eternidade, tomaram também os Espíritos inferiores por seres perpetuamente mau. A palavra demônio deve portanto ser entendida como referente aos Espíritos impuros, que freqüentemente não são melhores que os designados por esse nome, mas com a diferença de ser o seu estado apenas transitório. São esses os Espíritos imperfeitos que murmuram contra as suas provações e por isso as sofrem por mais tempo, mas chegarão por sua vez à perfeição, quando se dispuserem a tanto. Poderíamos aceitar a palavra demônio com esta restrição. Mas, como ela é agora entendida num sentido exclusivo, poderia induzir em erro, dando margem à crença na existência de seres criados especialmente para o mal.
A propósito de Satanás, é evidente que se trata da personificação do mal sob uma forma alegórica, porque não se poderia admitir um ser maligno lutando de igual para igual com a Divindade, e cuja única preocupação seria a de contrariar os seus desígnios. Como o homem necessita de imagens e figuras para impressionar a sua imaginação, pintou os seres incorpóreos com formas materiais dotadas de atributos que lembram as suas qualidades ou os seus defeitos. Foi assim que os antigos, querendo personificar o Tempo, deram-lhe a figura de um velho com foice e uma ampulheta, uma figura de jovem, nesse caso, seria um contra-senso. O mesmo se deu com as alegorias da Fortuna, da Verdade, etc. Os modernos representaram os anjos, os Espíritos puros numa figura radiosa, com asas brancas, símbolos da pureza, e Satanás com chifres, garras e os atributos da bestidade, símbolos das baixas paixões. O vulgo, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses símbolos entidades reais, como outrora vira Saturno na alegoria do Tempo.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyTer Jan 05, 2010 12:09 am

Capítulo II

Encarnação dos Espíritos

I — Finalidade da Encarnação

132. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?
— Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea: nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de por o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a sua matéria essencial, a fim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progride.
A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem d'Ele. É assim que, por uma lei admirável da sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

133. Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da encarnação?
— Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.

133a. Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?
— Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são freqüentemente a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyQua Jan 06, 2010 12:57 am

II — Da Alma

134. O que é a alma?
— Um Espírito encarnado.

134-a. O que era a alma, antes de unir-se ao corpo?
— Espírito.

134-b. As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?
— Sim, as almas não são mais do que os Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer.

135. Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?
— Há, o liame que une a alma e o corpo.

135-a. Qual é a natureza desse liame?
— Semimaterial: quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. E isso é necessário para que eles possam comunicar-se. É por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.
O homem é assim formado de três partes essenciais:
1°) O corpo ou ser material, semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2°) A alma, Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;
3°) O perispírito, princípio intermediário, substância semi-material, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

136. A alma é independente do princípio vital?
— O corpo não é mais que o envoltório, sempre o repetimos.

136-a. O corpo pode existir sem a alma?
— Sim e não obstante, desde que o corpo deixa de viver, a alma o abandona. Antes do nascimento, não há uma união decisiva entre a alma e o corpo, ao passo que, após o estabelecimento dessa união, a morte do corpo rompe os liames que a unem a ele, e a alma o deixa. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.

136-b. O que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
— Uma massa de carne sem inteligência; tudo o que quiserdes, menos um homem.

137. O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos diferentes?
— Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes (Ver, no "Livro dos Médiuns", o capítulo "Bicorporeidade e transfiguração").

138. Que pensar da opinião dos que consideram a alma como o princípio da vida material?
— Simples questão de palavras, com a qual nada temos. Começai por vos entenderdes.

139. Alguns Espíritos, e antes deles alguns filósofos, assim definiram a alma: Uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Por que essa contradição?
— Não há contradição; depende da significação das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?
A palavra alma é empregada para exprimir as coisas mais diferentes. Uns chamam alma ao princípio da vida, e nessa acepção é exato dizer, figuradamente, que a alma é uma centelha animíca, emanada do Grande Todo. Essas últimas palavras se referem à fonte universal do princípio vital, em que cada ser absorve uma porção, que devolve ao todo após a morte. Esta idéia não exclui absolutamente a de um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade. É a este ser que se chama igualmente alma e nesta acepção pode-se dizer que a alma é um Espírito encarnado. Dando a alma diferentes definições, os Espíritos falaram segundo as aplicações que faziam da palavra e segundo as idéias terrestres de que estavam ainda mais ou menos imbuídos. Isso decorre da insuficiência da linguagem humana, que não tem um termo para cada idéia, o que acarreta uma multidão de mal entendidos e discussões. Eis porque os Espíritos superiores dizem que devemos, primeiro, nos entendermos quanto as palavras.

140. Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma as diferentes funções do corpo?
— Isso também depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se o Espírito quando encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível, ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir.

140-a. Não obstante, há Espíritos que deram esta definição.
— Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.
A alma age por meio dos órgãos, e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e com mais abundância nos que são os centros ou focos de movimento. Mas essa explicação não pode aplicar-se à alma como sendo o Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa com a morte.

141. Há qualquer coisa de certo na opinião dos que pensam que a alma é externa e envolve o corpo?
— A alma não está encerrada no corpo, como o pássaro numa gaiola. Ela irradia e se manifesta no exterior, como a luz através de um globo de vidro ou como o som em redor de um centro sonoro. É por isso que se pode dizer que ela é externa, mas não como um envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios um, sutil e leve, o primeiro, que chamas perispírito; o outro, grosseiro, material e pesado, que é o corpo. A alma é o centro desses envoltório, como a amêndoa na casca, já o dissemos.

142. Que dizer da teoria segundo a qual, na criança, a alma vai se completando a cada período da vida?
— O Espírito é apenas um inteiro na criança, como no adulto; são os órgãos, instrumentos de manifestação da alma, que se desenvolvem e se completam. Isto é ainda tomar o efeito pela causa.

143. Por que todos os Espíritos não definem a alma da mesma maneira?
— Os Espíritos não são todos igualmente esclarecidos sobre essas questões. Há Espíritos ainda limitados, que não compreendem as coisas abstratas, como as crianças entre vós. Há também Espíritos pseudo-sábios que, para se imporem, como acontece ainda entre vós, fazem rodeios de palavras. Além disso, mesmo os Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em termos diferentes, que no fundo têm o mesmo valor, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem é incapaz de esclarecer; há então necessidade de figuras, de comparações, que tomais pela realidade.

144. Que se deve entender por alma do mundo?
— O princípio universal da vida e da inteligência, de que nascem as individualidades. Mas os que se servem dessa expressão, freqüentemente não se entendem. A palavra alma tem aplicação tão elástica que cada um a interpreta de acordo com as suas fantasias. Têm-se às vezes atribuído uma alma à Terra, e por ela é necessário entender o conjunto dos Espíritos abnegados que dirigem as vossas ações no bom sentido, quando os escutais, e que são de certa maneira os lugares-tenentes de Deus junto ao vosso globo.

145. Como é que tantos filósofos antigos e modernos tem longamente discutidos sobre a Ciência psicológica, sem chegar à verdade?
— Esses homens eram os precursores da doutrina espírita eterna, e prepararam o caminho. Eram homens e puderam enganar-se, porque tomaram pela luz as suas próprias idéias; mas os seus mesmos erros, através dos prós e contras de suas doutrinas, servem para evidenciar a verdade. Aliás, entre esses erros se encontram grandes verdades, que um estudo comparativo vos fará compreender.

146. A alma tem, no corpo, uma sede determinada e circunscrita?
— Não. Mas ela se atua mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos aqueles que usam bastante o pensamento, e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas ações a humanidade.

146-a. Que pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital?
— Que o Espírito se encontra de preferência nessa parte do vosso organismo, que é o ponto a que se dirigem todas as sensações. Os que a situam naquilo que consideram como o centro da vitalidade, a confundem com o fluido ou princípio vital. Não obstante, pode-se dizer que a sede da alma se encontra mais particularmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySeg Jan 11, 2010 11:10 pm

III — Materialismo

147. Por que os anatomistas, os fisiologistas e em geral os que se aprofundam nas Ciências naturais são freqüentemente levados ao materialismo?
— O fisiologista refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens, que tudo crêem saber, não admitindo que alguma coisa possa ultrapassar o seu entendimento. Sua própria Ciência os torna presunçosos. Pensam que a Natureza nada lhes pode ocultar.

148. Não é estranho que o materialismo seja uma conseqüência de estudos que deveriam, ao contrário, mostrar ao homem a superioridade da inteligência que govenna o mundo? Deve-se concluir que esses estudos são perigosos?
— Não é verdade que o materialismo seja uma conseqüência desses estudos. É o homem que deles tira uma falsa conseqüência, pois ele pode abusar de tudo, mesmo das melhores coisas. O nada, aliás, os apavora mais do que eles se permitem aparentar, e os espíritos fortes são quase sempre mais fanfarrões do que valentes. A maior parte deles são materialistas porque não dispõem de nada para preencher o vazio. Diante desse abismo que se abre ante eles, mostrai-lhes uma tábua de salvação, e a ela se agarrarão ansiosamente.
Por uma aberração da inteligência há pessoas que não vêem no seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos. Não vêem no corpo humano senão a máquina elétrica; estudaram o mecanismo da vida e no funcionamento dos órgãos; viram-nos extinguir-se muitas vezes pela ruptura de um fio e nada mais perceberam além desse fio; procuraram descobrir o que restava e como não encontraram mais do que a matéria inerte, não viram a alma escapar-se e nem puderam pegá-la, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria e que, portanto, após a morte o pensamento se reduz ao nada. Triste conseqüência, se assim fosse porque então o bem e o mal não teriam sentido, o homem estaria certo ao não pensar senão em si mesmo e ao colocar acima de tudo a satisfação dos prazeres materiais; os laços sociais estariam rompidos e os mais santos afetos destruídos para sempre. Felizmente, essas idéias estão longe de ser generalizadas; pode-se mesmo dizer que estão muito circunscritas, não constituindo mais do que opiniões individuais, porque em parte alguma foram erigidas em doutrina. Uma sociedade fundada sobre essas bases traria em si mesma os germes da dissolução, e os seus membros se devorarem entre si como animais ferozes.
O homem tem instintivamente a convicção de que tudo não se acaba, para ele, com a vida; tem horror ao nada; é em vão que se obstina contra a idéia da vida futura, e quando chega o momento supremo, são poucos os que não perguntam o que deles vai ser, porque a idéia de deixar a vida para sempre tem qualquer coisa de pungente. Quem poderá, com efeito, encarar com indiferença uma separação absoluta e eterna de tudo o que ama? Quem poderia ver, sem terror, abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, pronto a tragar para sempre todas as nossas faculdades, todas as nossas esperanças, e ao mesmo tempo dizer: Qual! Depois de mim, nada, nada mais que o nada; tudo se acaba sem apelo; mais alguns dias e a minha lembrança se apagará da memória dos que sobrevivem a mim: dentro em breve nenhum traço haverá de minha passagem pela terra; o próprio bem que eu fiz será esquecido pelos ingratos a quem servi; e nada para compensar tudo isso, nenhuma perspectiva, a não ser a do meu corpo devorado pelos vermes!
Este quadro não tem qualquer coisa de horroroso e de glacial? A religião nos ensina que não pode ser assim e a razão o confirma. Mas uma existência futura, vaga e indefinida, nada tem que satisfaça o nosso amor do positivo. E é isso que, para muitos, engendra a dúvida. Está certo que tenhamos uma alma; mas o que é a nossa alma? Tem ela uma forma, alguma aparência? É um ser limitado ou indefinido? Dizem alguns que é um sopro de Deus; outros, que é uma centelha; outros, uma parte do Grande Todo, o princípio da vida e da inteligência. Mas o que é que tudo isso nos oferece? Que nos importa ter uma alma, se depois da morte ela se confunde com a imensidade, como as gotas d'água no oceano? A perda da nossa individualidade não é, para nós, o mesmo que o nada? Diz-se ainda que ela é imaterial. Mas uma coisa imaterial não pode ter proporções definidas, e para nós equivale ao nada. A religião nos ensina também que seremos felizes ou desgraçados, segundo o bem ou o mal que tenhamos feito. Mas qual é esse bem que nos espera no seio de Deus? É uma beatitude, uma contemplação eterna, sem outra ocupação que a de cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou apenas um símbolo? A própria Igreja as compreende nesse último sentido; mas, então, que sofrimentos são esses? Onde se encontra o lugar de suplício? Em uma palavra, o que se faz e o que se vê, nesse mundo que nos espera a todos?
Ninguém, costuma-se dizer, voltou de lá para nos dar conta do que existe. Isto, porém, é um erro, e a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre esse futuro, a de nos fazer, até certo ponto, vê-lo e tocá-lo, não mais pelo raciocínio, mas através dos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não é mais uma presunção, uma probabilidade sobre a qual cada um imagina a vontade, que os poetas embelezam com suas ficções ou enfeitam de imagens alegóricas que nos seduzem e a realidade que nos mostra a sua face, porque são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm contar a sua situação, dizer-nos o que fazem, permitem-nos assistir, por assim dizer, a todas as peripécias da sua nova vida e por esse meio nos mostram a sorte inevitável que nos está reservada, segundo os nossos méritos ou os nossos débitos. Há nisso alguma coisa de anti-religioso? Bem pelo contrário pois os incrédulos assim encontram a fé, e os tíbios uma renovação do fervor e da confiança. O Espiritismo é o mais poderoso auxiliar da Religião. E se assim acontece é porque Deus o permite, e o permite para reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos conduzir ao caminho do bem, pelas perspectivas do futuro.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyTer Jan 12, 2010 10:42 pm

Capítulo III

Retorno da Vida Corpórea à Vida Espiritual

I — A Alma Após a Morte

149. Em que se transforma a alma no instante da morte?
— Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos, que ela havia deixado temporariamente.

150. A alma conserva a sua individualidade após a morte?
— Sim, não a perde jamais. O que seria ela, se não a conservasse?

150-a. Como a alma constata a sua individualidade, se não tem mais o corpo material?
— Tem um fluido que lhe é próprio, que tira da atmosfera do seu planeta e que representa a aparência da sua última encarnação: seu perispírito.

150-b. A alma não leva nada deste mundo?
— Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego que tenha dado a vida. Quanto mais pura ela for, mais compreenderá a futilidade daquilo que deixou na Terra.

151. Que pensar da opinião de que a alma, após a morte, retorna ao todo universal?
— O conjunto dos Espíritos não constitui um todo? Quando estás numa assembléia, fazes parte integrante da mesma, e não obstante conservas a tua individualidade.

152. Que prova podemos ter da individualidade da alma após a morte?
— Não tendes esta prova pelas comunicações que obtendes? Se não estiverdes cegos, vereis; e se não estiverdes surdos, ouvireis; pois freqüentemente uma voz vos fala e vos revela a existência de um ser que está ao vosso redor.
Os que pensam que a alma, com a morte, volta ao todo universal, estarão errados, se por isso entendem que ela perde a sua individualidade como uma gota d'água que caisse no oceano. Estarão certos, entretanto, se entenderem pelo todo universal o conjunto dos seres incorpóreos de que cada alma ou Espírito é um elemento.
Se as almas se confundissem no todo, não teriam senão as qualidades do conjunto, e nada as distinguiria entre si; não teriam inteligência nem qualidades próprias. Entretanto, em todas as comunicações elas revelam a consciência do eu e uma vontade distinta. A diversidade infinita que apresentam, sob todos os aspectos, é a conseqüência da sua individualização. Se não houvesse, após a morte, senão o que se chama o Grande Todo, absorvendo todas as individualidades, esse todo seria homogêneo e então as comunicações recebidas do mundo invisível seriam todas idênticas. Desde que encontramos seres bons e maus, sábios e ignorantes, felizes e desgraçados, desde que há de todos os caracteres: alegres e tristes, levianos e sérios, etc. é evidente que se trata de seres distintos.
A individualização ainda se evidência quando estes seres provam a sua identidade através de sinais incontestáveis, de detalhes pessoais relativos à vida terrena, e que podem ser constatados; ela não pode ser posta em dúvida quando eles se manifestam por meio das aparições. A individualidade da alma foi teoricamente ensinada como um artigo de fé, mas o Espiritismo a torna patente, e de certa maneira, material.

153. Em que sentido se deve entender a vida eterna?
— É a vida do Espírito que é eterna: a do corpo é transitória, passageira. Quando o corpo morre, a alma retoma a vida eterna.

153-a. Não seria mais exato chamar vida eterna a dos Espíritos puros, que tendo atingido o grau de perfeição, não tem mais provas a sofrer?
— Essa é a felicidade eterna. Mas tudo isto é uma questão de palavras: chamai as coisas como quiserdes, desde que vos entendais.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyQua Jan 13, 2010 10:31 pm

II — Separação da Alma e do Corpo

154. A separação da alma e do corpo é dolorosa?
— Não; o corpo, freqüentemente, sofre mais durante a vida que no momento da morte; neste, a alma nada sente. Os sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.
Na morte natural, que se verifica pelo esgotamento da vitalidade orgânica, em conseqüência da idade, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de energia.

155. Como se opera a separação da alma e do corpo?
— Desligando-se os liames que a retinham ela se desprende. 155-a. A separação se verifica instantaneamente, numa transição brusca? Há uma linha divisória bem marcada entre a vida e a morte?
— Não; a alma se desprende gradualmente e não escapa como um pássaro cativo que fosse libertado. Os dois estados se tocam e se confundem, de maneira que o Espírito se desprende pouco a pouco dos seus liames; estes se soltam e não se rompem.
Durante a vida o Espírito está ligado ao corpo pelo seu envoltório material ou perispírito; a morte é apenas a destruição do corpo, e não desse envoltório, que se separa do corpo quando cessa a vida orgânica. A observação prova que no instante da morte o desprendimento do Espírito não se completa subitamente; ele se opera gradualmente, com lentidão variável, segundo os indivíduos. Para uns é bastante rápido e pode dizer-se que o momento da morte é também o da libertação, que se verifica logo após. Noutros, porém, sobretudo naqueles cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito mais demorado, e dura às vezes alguns dias, semanas e até mesmo meses, o que não implica a existência no corpo de nenhuma vitalidade, nem a possibilidade de retorno à vida, mas a simples persistência de uma afinidade entre o corpo e o Espírito, afinidade que está sempre na razão da preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É lógico admitir que quanto mais o Espírito estiver identificado com a matéria, mais sofrerá para separar-se dela. Por outro lado, a atividade intelectual e moral e a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida corpórea, e quando a morte chega é quase instantânea. Este é o resultado dos estudos efetuados sobre todos os indivíduos observados no momento da morte. Essas observações provam ainda que a afinidade que persiste, em alguns indivíduos, entre a alma e o corpo, é às vezes muito penosa, porque o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso é excepcional e peculiar a certos gêneros de morte, verificando-se em alguns suicídios.

156. A separação definitiva entre a alma e o corpo pode verificar-se antes da cessação completa da vida orgânica?
— Na agonia, às vezes, a alma já deixou o corpo, que nada mais tem do que a vida orgânica. O homem não tem mais consciência de si mesmo, e não obstante ainda lhe resta um sopro de vida. O corpo é uma máquina que o coração põe em movimento. Ele se mantém enquanto o coração lhe fizer circular o sangue pelas veias e para isso não necessita da alma.

157. No momento da morte a alma tem às vezes uma aspiração ou êxtase, que lhe faz entrever o mundo para o qual regressa?
— A alma sente, muitas vezes, que se desatam os liames que a prendem ao corpo, e então emprega todos os seus esforços para se desligar de uma vez. Já parcialmente separado da matéria, vê o futuro desenrolar-se ante ela e goza por antecipação do estado de Espírito.

158. O exemplo da larva que primeiro se arrasta pela terra, depois se fecha na crisálida, numa morte aparente, para renascer numa existência brilhante, pode dar-nos uma idéia da vida terrena, seguida do túmulo e por fim de uma nova existência?
— Uma pálida idéia. A imagem é boa, mas é necessário não tomá-la ao pé da letra, como sempre fazeis.

159. Que sensação experimenta a alma no momento em que se reconhece no mundo dos Espíritos?
— Depende. Se fizeste o mal com o desejo de fazê-lo, estarás, no primeiro momento, envergonhado de o haver feito. Para o justo, é muito diferente: ele se sente aliviado de um grande peso, porque não receia nenhum olhar perquiridor.

160. O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
— Sim, segundo a afeição que tenham mantido reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos Espíritos, e o ajudam a libertar-se das faixas da matéria. Vê também a muitos que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que estão na erraticidade, bem como os que se encontram encarnados, que vai visitar.

161. Na morte violenta ou acidental, quando os órgãos ainda não se debilitaram pela idade ou pelas doenças, a separação da alma e a cessação da vida se verificam simultaneamente?
— Geralmente é assim: mas, em todos os casos, o instante que os separa é muito curto.

162. Após a decapitação, por exemplo, o homem conserva por alguns instantes a consciência de si mesmo?
— Freqüentemente ele a conserva por alguns minutos, até que a vida orgânica se extingua de uma vez. Mas muitas vezes a preocupação da morte lhe faz perder a consciência antes do instante do suplício.
Não se trata, aqui, senão da consciência que o supliciado pode ter do si mesmo como homem, por meio do corpo, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência antes do suplício, ele pode conservá-lo por alguns instantes, mas de duração muito curta, e a perde necessariamente com a vida orgânica do cérebro. Isso não quer dizer que o perispírito esteja inteiramente desligado do corpo, mas pelo contrário, pois em todos os casos de morte violenta, quando esta não resulta da extinção gradual das forças vitais, os liames que unem o corpo ao perispírito são mais tenazes, e o desprendimento completo é mais lento.


Última edição por Anarca em Sex Jan 15, 2010 1:30 am, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySex Jan 15, 2010 1:30 am

III — Perturbação Espírita

163. Deixando o corpo, a alma tem imediata consciência de si mesma?
— Consciência imediata não é o termo: ela fica perturbada por algum tempo.

164. Todos os Espíritos experimentam, no mesmo grau e pelo mesmo tempo, a perturbação que se segue a separação da alma e do corpo?
— Não, pois isso depende da sua elevação. Aquele que já está depurado se reconhece quase imediatamente, porque se desprendeu da matéria durante a vida corpórea, enquanto o homem carnal, cuja consciência não é pura, conserva por muito mais tempo a impressão da matéria.

165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração maior ou menor da perturbação?
— Uma grande influência, pois o Espírito compreende antecipadamente a sua situação: mas a prática do bem e a pureza de consciência são o que exerce maior influência.
No momento da morte, tudo, a princípio, é confuso; a alma necessita de algum tempo para se reconhecer; sente-se como atordoada, no mesmo estado de um homem que saísse de um sono profundo e procurasse compreender a situação. A lucidez das idéias e a memória do passado voltam, a medida que se extingue a influência da matéria e que se dissipa essa espécie de nevoeiro que lhe turva os pensamentos.
A duração da perturbação de após morte é muito variável: pode ser de algumas horas, como de muitos meses e mesmo de muitos anos. Aqueles em que é menos longa, são os que se identificaram durante a vida com o seu estado futuro, porque então compreendem imediatamente a sua posição.
Essa perturbação apresenta circunstâncias particulares, segundo o caráter dos indivíduos e sobretudo de acordo com o gênero de morte. Nas mortes violentas, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito é surpreendido, espanta-se, não acredita que esteja morto e sustenta teimosamente que não morreu. Não obstante, vê o seu corpo, sabe que é dele, mas não compreende que esteja separado. Procura as pessoas de sua afeição, dirige-se a elas e não entende por que não o ouvem. Esta ilusão se mantém até o completo desprendimento do Espírito, e somente então ele reconhece o seu estado e compreende que não faz mais parte do mundo dos vivos.
Esse fenômeno é facilmente explicável. Surpreendido pela morte imprevista, o Espírito fica atordido com a brusca mudança que nele se opera. Para ele, a morte é ainda sinônimo de destruição, de aniquilamento; ora, como continua a pensar, como ainda vê e escuta, não se considera morto. E o que aumenta a sua ilusão é o fato de se ver num corpo semelhante ao que deixou na Terra, cuja natureza etérea ainda não teve tempo de verificar. Ele o julga sólido e compacto como o primeiro, e quando se chama a sua atenção para esse ponto, admira-se de não poder apalpá-lo.
Assemelha-se este fenômeno ao dos sonâmbulos inexperientes, que não crêem estar dormindo. Para eles, o sono é sinônimo de suspensão das faculdades; ora, como pensam livremente e podem ver, não acham que estejam dormindo. Alguns Espíritos apresentam esta particularidade, embora a morte não os tenha colhido inopinadamente; mas ela é sempre mais generalizada entre os que, apesar de doentes, não pensavam em morrer. Vê-se então o espetáculo singular de um Espírito que assiste os próprios funerais como os de um estranho, deles falando como de uma coisa que não lhe dissesse respeito, até o momento de compreender a verdade.
A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem: é calma e em tudo semelhante à que acompanha um despertar tranqüilo. Para aquele cuja consciência não está pura é cheia de ansiedades e angústias.
Nos casos de morte coletiva observou-se que todos os que perecem ao mesmo tempo nem sempre se revêem imediatamente. Na perturbação que se segue à morte cada um vai para o seu lado ou somente se preocupa com aqueles que lhe interessam.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyTer Jan 19, 2010 11:52 pm

Capítulo IV

Pluralidade das Existências

I — Da Reencarnação

166. A alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, como acaba de depurar-se?
— Submetendo-se a prova de uma nova existência.

166-a. Como realiza ela essa nova existência? Pela sua transformação como Espírito?
— Ao se depurar, a alma sofre sem dúvida uma transformação, mas para isso necessita da prova da vida corpórea.

166-b. A alma tem muitas existências corpóreas?
— Sim. todos nós temos muitas existências. Os que dizem o contrário querem manter-vos na ignorância em que eles mesmos se encontram esse é o seu desejo.

166-c. Parece resultar, desse princípio, que após ter deixado o corpo a alma toma outro. Dito de outra maneira, que ela se reencarna em novo corpo. É assim que se deve entender?
— É evidente.

167. Qual é a finalidade da reencarnação?
— Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem o que, onde estaria a justiça?

168. O número das existências corpóreas é limitado, ou o Espírito se reencarna perpetuamente?
— A cada nova existência o Espírito dá um passo na senda do progresso quando se despojou de todas as suas impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea.

169. O número das encarnações é o mesmo para todos os Espíritos?
— Não. Aquele que avança rapidamen1e poupa-se das provas. Não obstante, as encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso é quase infinito.

170. Em que se transforma o Espírito, depois da sua última encarnação?
— Espírito bem-aventurado, um Espírito puro.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySex Jan 22, 2010 11:26 pm

II — Justiça da Reencarnação

171. Sobre o que se funda o dogma da reencarnação?
— Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai deixa sempre aos filhos uma porta aberta ao arrependimento. A razão nos diz que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna aqueles cujo melhoramento não dependeu deles mesmos? Todos os homens não são filhos de Deus? Somente entre os homens egoístas é que se encontram a iniqüidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão.
Todos os Espíritos tendem a perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la com as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça, permite-lhe realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova.
Não estaria de acordo com a eqüidade, nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade, no próprio meio em que foram colocados. Se a sorte do homem fosse irrevogavelmente fixada após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança e não os teria tratado com imparcialidade.
A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde a idéia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam.
O homem que tem a consciência da sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus, não pode esperar que, por toda a eternidade, haja de ser igual aos que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo, e do que ele poderá conquistá-lo através de novos esforços, o ampara e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que no fim da sua carreira, não lamenta ter adquirido demasiado tarde uma experiência que já não pode aproveitar? Pois esta experiência tardia não estará perdida: ele a aproveitará numa nova existência.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySáb Jan 23, 2010 7:20 pm

III — Encarnação nos Diferentes Mundos

172. Nossas diferentes existências corpóreas se passam todas na Terra?
— Não, mas nos diferentes mundos. As deste globo não são as primeiras nem as últimas, porém as mais materiais e distantes da perfeição.

173. A cada nova existência corpórea a alma passa de um mundo a outro, ou pode viver muitas vidas num mesmo globo?
— Pode reviver muitas vezes num mesmo globo, se não estiver bastante adiantada para passar a um mundo superior.

173-a. Podemos então reaparecer muitas vezes na Terra?
— Certamente.

173-b. Podemos voltar a ela, depois de ter vivido em outros mundos?
— Seguramente; podeis ter já vivido noutros mundos, bem como na Terra.

174. É uma necessidade reviver na Terra?
— Não. Mas se não progredistes, podeis ir para outro mundo que não seja melhor, e que pode mesmo ser pior.

175. Há vantagem em voltar a viver na Terra?
— Nenhuma vantagem particular, a não ser que se venha em missão, pois então se progride, como em qualquer outro mundo.

175-a. Não seria melhor continuar como Espírito? — Não, não! Ficar-se-ia estacionário, e o que se quer é avançar para Deus.

176. Os Espíritos, depois de se haverem encarnado em outros mundos, podem encarnar-se neste, sem jamais terem passado por aqui?
— Sim, como vós em outros globos. Todos os mundos são solidários: o que não se faz num, pode fazer-se noutro.

176-a. Assim, existem homens que estão na Terra pela primeira vez?
— Há muitos, e em diversos graus.

176-b. Pode-se reconhecer, por um sinal qualquer, quando um Espírito se encontra pela primeira vez na Terra?
— Isso não teria nenhuma utilidade.

177. Para chegar à perfeição e a felicidade suprema, que é o objetivo final de todos os homens, o Espírito deve passar pela série de todos os mundos que existem no Universo?
— Não, porque há muitos mundos que se encontram no mesmo grau, e onde os Espíritos nada aprenderiam de novo.

177-a. Como então explicar a pluralidade de suas existências num mesmo globo?
— Eles podem ali se encontrar, de cada vez, em posições bastante diferentes, que serão outras tantas ocasiões de adquirir experi8ncia.

178. Os Espíritos podem renascer corporalmente num mundo relativamente inferior aquele em que já vivemos?
— Sim, quando têm uma missão a cumprir, para ajudar o progresso; e então aceitam com alegria as tribulações dessa existência, porque lhes fornecem um meio de se adiantarem.

178-a. Isso não pode também acontecer como expiação, e Deus não pode enviar os Espíritos rebeldes a mundos inferiores?
— Os Espíritos podem permanecer estacionários, mas nunca retrogradam; sua punição pois, é a de não avançar e ter de recomeçar as existências mal empregadas, no meio que convêm a sua natureza.

178-b. Quais são os que devem recomeçar a mesma existência?
— Os que faliram em sua missão ou em suas provas.

179. Os seres que habitam cada mundo estão todos no mesmo grau de perfeição?
— Não. É como na Terra: há os que estão mais ou menos adiantados.

180. Ao passar deste mundo para outro, o Espírito conserva a inteligência que tinha aqui?
— Sem dúvida, pois a inteligência nunca se perde. Mas ele pode não dispor dos mesmos meios para manifestá-la. Isso depende da sua superioridade e do estado do corpo que adquirir. (Ver: Influência do organismo, item 367).

181. Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?
— Sem dúvida que têm corpos, porque é necessário que o Espírito se revista de matéria para agir sobre ela: mas esse envoltório é mais ou menos material, segundo o grau de pureza a que chegaram os Espíritos, e é isso que determina as diferenças entre os mundos que temos de percorrer. Porque há muitas moradas na casa de nosso Pai, e muitos grãos, portanto. Alguns o sabem, e têm consciência disso aqui na Terra, mas outros nada sabem.

182. Podemos conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?
— Nós, Espíritos, não podemos responder senão na medida do vosso grau de evolução. Quer dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão em condições de compreendê-las, e elas os perturbariam.
À medida que o Espírito se purifica o corpo que o reveste aproxima-se igualmente da natureza espírita. A matéria se torna menos densa, ele já não se arrasta penosamente pelo solo, suas necessidades físicas são menos grosseiras, os seres vivos não têm mais necessidade de se destruirem para se alimentar. O Espírito é mais livre, e tem, para as coisas distanciadas, percepções que desconhecemos: vê pelos olhos do corpo aquilo que só vemos pelo pensamento.
A purificação dos Espíritos reflete-se na perfeição moral dos seres em que estão encarnados. As paixões animais se enfraquecem, o egoísmo da lugar ao sentimento fraternal. É assim que, nos mundos superiores ao nosso, as guerras são desconhecidas, os ódios e as discórdias não têm motivo, porque ninguém pensa em prejudicar o seu semelhante. A intuição do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência isenta de remorsos fazem que a morte não lhes cause nenhuma apreenção: eles a recebem sem medo e como uma simples transformação.
A duração da vida, nos diferentes mundos, parece proporcional ao seu grau de superioridade física e moral, e isso é perfeitamente racional. Quanto menos material é o corpo, menos sujeito está as vicissitudes que o desorganizam; quanto mais puro é o Espírito, menos sujeito as paixões que o enfraquecem. Este é ainda um auxílio da Providência, que deseja assim abreviar os sofrimentos.

183. Passando de um mundo para outro, o Espírito passa por nova infância?
— A infancia é por toda parte uma transição necessária, mas não é sempre tão ingênua como entre vós.

184. 0 Espírito pode escolher o novo mundo em que vai habitar?
— Nem sempre; mas pode pedir e obter o que deseja, se o merecer. Porque os mundos só são acessíveis aos Espíritos de acordo com o grau de sua elevação.

184-a. Se o Espírito nada pede, o que determina o mundo onde irá reencarnar-se?
— O seu grau de elevação.

185. 0 estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo, em cada globo?
— Não; os mundos também estão submetidos à lei do progresso. Todos começaram como o vosso, por um estado inferior, e a Terra mesma sofrerá uma transformação semelhante, tornando-se um paraíso terrestre, quando os homens se fizerem bons.
Assim, as raças que atualmente povoam a Terra desaparecerão um dia e serão substituídas por seres mais e mais perfeitos. Essas raças transformadas sucederão às atuais como esta sucedeu a outras que eram mais grosseiras.

186. Há mundos em que o Espírito, cessando de viver num corpo material, só tem por envoltório o perispírito?
— Sim, e esse envoltório torna-se de tal maneira etéreo que para vós é como se não existisse eis então o estado dos Espíritos puros.
186-a. Parece resultar daí que não existe uma demarcação precisa entre o estado das últimas encarnações e o do Espírito puro?
— Essa demarcação não existe. A diferença se dilui pouco a pouco e se torna insensível, como a noite se dilui ante as primeiras claridades do dia.

187. A substância do perispírito é a mesma em todos os globos?
— Não; é mais eterizada em uns do que em outros. Ao passar de um para outro mundo, o Espírito se reveste da matéria própria de cada um, com mais rapidez que o relâmpago.

188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou encontram-se no espaço universal, sem estar ligados especialmente a um globo?
— Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas não estão confinados a eles como os homens a Terra; eles podem, melhor que os outros, estar em toda parte.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySeg Jan 25, 2010 9:39 pm

IV — Transmigração Progressiva

189. Desde o princípio da sua formação o Espírito goza da plenitude de suas faculdades?
— Não; porque o Espírito, como o homem, tem também a sua infância. Em sua origem, os Espíritos não têm mais do que uma existência instintiva, possuindo apenas a consciência de si mesmos e de seus atos. Só pouco a pouco a inteligência se desenvolve.

190. Qual é o estado da alma em sua primeira encarnação?
— O estado da infância na vida corpórea. Sua inteligéncia apenas desabrocha: ela ensaia para a vida.

191. As almas dos nossos selvagens estão no estado de infância?
— Infância relativa, pois são almas já desenvolvidas, dotadas de paixões.

191-a. As paixões, então, indicam desenvolvimento?
— Desenvolvimento, sim, mas não perfeição. São um sinal de atividade e de consciência própria, enquanto na alma primitiva a inteligência e a vida estão em estado de germes.
A vida dos Espíritos, no seu conjunto, segue as mesmas fases da vida corpórea; passa gradativamente do estado de embrião ao de infância, para chegar, por uma sucessão de períodos, ao estado de adulto, que é o da perfeição, com a diferença de que nesta não existe o declí nio nem a decrepitude da vida corpórea; que a sua vida, que teve um começo, não terá fim; que lhe é necessário, do nosso ponto de vista, um tempo imenso para passar da infância espírita a um desenvolvimento completo, e o seu progresso realizar-se, não sobre uma esfera apenas, mas através de diversos mundos. A vida do Espírito constitui-se, assim, de uma série de existências corporais, sendo cada qual uma oportunidade de progresso, como cada existência corporal se compõe de uma série de dias, nos quais o homem adquire maior experiência e instrução. Mas, da mesma maneira que na vida humana há dias infrutíferos, na do Espírito há existências corpóreas sem proveito, porque ele não soube conduzi-las.

192. Por uma conduta perfeita podemos vencer já nesta vida todos os graus e tornar-nos Espírito puro, sem passar pelos intermediários?
— Não, pois o que o homem julga perfeito está longe da perfeição: há qualidades que ele desconhece e nem pode compreender. Pode ser tão perfeito quanto a sua natureza eterna o permita, mas esta não é a perfeição absoluta. Da mesma maneira que uma criança, por mais precoce que seja, deve passar pela juventude, antes de chegar à maturidade, e um doente deve passar pela convalescença, antes de recuperar a saúde. Além disso, o Espírito deve adiantar-se em conhecimento e moralidade, e se ele não progrediu senão num sentido, é necessário que o faça no outro, para chegar ao alto da escala. Entretanto, quanto mais o homem se adianta na vida presente, menos longas e penosas serão as provas seguintes.

192-a. O homem pode assegurar-se nesta vida uma existência futura menos cheia de amarguras?
— Sim, sem dúvida, pode abreviar o caminho e reduzir as dificuldades. Somente o desleixado fica sempre no mesmo ponto.

193. Pode um homem descer em suas novas existências, abaixo do que já havia atingido?
— Em sua posição social, sim como Espírito, não.
194. A alma de um homem de bem pode animar, noutra encarnação, o corpo de um celerado?
— Não, pois ela não pode degenerar.

194-a. A alma de um homem perverso pode transformar-se na de um homem de bem?
— Sim, se ela se arrepender, e então será uma recompensa.
A marcha dos Espíritos é progressiva e jamais retrógrada. Eles se elevam gradualmente na hierarquia, e não descem do plano atingido. Nas suas diferentes existências corporais podem descer como homens, mas não como Espíritos. Assim, a alma de um poderoso da Terra pode mais tarde animar um humilde artesão, e vice-versa. Porque as posições entre os homens são freqüentemente determinadas pelo inverso da elevação dos sentimentos morais. Herodes era rei, e Jesus carpinteiro.

195. A possibilidade de melhorar numa outra existência não pode levar certas pessoas a permanecerem no mau caminho, com o pensamento de que poderão corrigir-se mais tarde?
— Aquele que assim pensa não acredita em nada, e a idéia de um castigo eterno não o coibiria mais, porque a sua razão a repele e essa idéia conduz a incredulidade. Se apenas se houvessem empregado os meios racionais para orientar os homens, não existiriam tantos céticos. Um Espírito imperfeito pode pensar como dizes, em sua vida corporal, mas uma vez liberto da matéria pensará de outra maneira, porque logo perceberá que calculou mal, e é então que trará, numa nova existência, um sentimento diverso. É assim que se efetiva o progresso. E eis porque tendes na Terra uns homens mais adiantados que outros. Uns já têm uma experiência que os outros ainda não tiveram, mas que adquirirão pouco a pouco. Deles depende impulsionar o próprio progresso ou retardá-lo indefinidamente.
O homem que se encontra numa posição má deseja mudá-la o mais rapidamente possível. Aquele que se persuadiu de que as tribulações desta vida são a conseqüência de suas próprias imperfeições procurará assegurar-se uma nova existência menos penosa. E este pensamento o desviará mais da senda do mal, que o pensamento do fogo eterno, no qual não acredita.

196. Só podendo os Espíritos melhorar-se pelo sofrimento e as tribulações da existência corporal, segue-se que a vida material seria uma espécie de crivo ou de depurador, pelo qual devem passar os seres do mundo espírita, para chegarem a perfeição?
— Sim, é bem isso. Eles melhoram através dessas provas, evitando o mal e praticando o bem. Mas somente depois de muitas encarnações ou depurações sucessivas é que atingem, num tempo mais ou menos longo, e segundo os seus esforços, o alvo para o qual se dirigem.

196-a. É o corpo que influi sobre o Espírito, para o melhorar, ou o Espírito que influi sobre o corpo?
— Teu Espírito é tudo; teu corpo é uma veste que apodrece; eis tudo.
Temos, no suco da vinha, uma imagem material dos diferentes graus de depuração da alma. Ele contém o licor chamado espírito ou álcool, mas enfraquecido por grande quantidade de matérias estranhas que lhe alteram a essência, e não chega à pureza absoluta senão depois de muitas destilações em cada uma das quais se despoja de alguma impureza. O alambique é o corpo no qual ele deve entrar para se depurar; as matérias estranhas são como o perispírito, que se purifica a si mesmo, à medida que o Espírito se aproxima da perfeição.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySex Jan 29, 2010 12:13 am

V — Sorte das Crianças Após a Morte

197. O Espírito de uma criança morta em tenra idade é tão adiantado como o de um adulto?
— Às vezes bem mais, porque pode ter vivido muito mais e possuir maiores experiências, sobretudo se progrediu.

197-a. O Espírito de uma criança pode então ser mais adiantado que o do seu pai?
— Isso é bastante freqüente; não o vêdes tantas vezes na Terra?

198. O Espírito da criança que morre em tenra idade, não tendo podido fazer o mal, pertence aos graus superiores?
— Se não fez o mal, também não fez o bem, e Deus não o afasta das provas que deve sofrer. Se é puro, não é pelo fato de ter sido criança, mas porque já se havia adiantado.

199. Por que a vida se interrompe com freqüência na infância?
— A duração da vida da criança pode ser, para o seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do termo devido, e sua morte é freqüentemente uma prova ou uma expiação para os pais.

199-a. Em que se transforma o Espírito de uma criança morta em tenra idade.
— Recomeça uma nova existência.
Se o homem só tivesse uma existência, e se após essa a sua sorte fosse fixada para a eternidade, qual seria o merecimento da metade da espécie humana, que morre em tenra idade, para gozar sem esforço da felicidade eterna? E com que direito seria ela libertada das condições, quase sempre duras, impostas a outra metade? Uma tal ordem de coisas não poderia estar de acordo com a justiça de Deus. Pela reencarnação faz-se a igualdade para todos: o futuro pertence a todos, sem exceção e sem favoritismo, e os que chegarem por último só poderão queixar-se de si mesmos. O homem deve ter o mérito das suas ações, como tem a sua responsabilidade.
Não é, aliás, razoável, considerar-se a infância como um estado de inocência. Não se vêem crianças dotados dos piores instintos, numa idade em que a educação ainda não pode exercer a sua influência? Não se vêem algumas que parecem trazer inatos a astúcia, a falsidade, a perfídia, o instinto mesmo do roubo e do assassínio, e não obstante os bons exemplos do meio? A lei civil absolve os seus erros, por considerar que elas agem mais instintivamentc do que por deliberado propósito. Mas de onde podem provir esses instintos, tão diferentes entre as crianças da mesma idade, educadas nas mesmas condições e submetidas as mesmas influências? De onde vem essa perversidade precoce, a não ser da inferioridade do Espírito, pois que a educação nada tem com ela? Aqueles que são viciosos, é que progrediram menos e têm então de sofrer as conseqüências, não dos seus atos da infância, mas das suas existências anteriores. É assim que a lei se mostra a mesma para todos e a justiça de Deus a todos abrange.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyTer Fev 02, 2010 11:08 pm

VI — Sexo nos Espíritos

200. Os Espíritos tem sexo?
— Não como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos.

201. O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher, numa nova existência, e vice-versa?
— Sim, pois são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.

202. Quando somos Espíritos, preferimos encarar num corpo de homem ou de mulher?
— Isso pouco importa ao Espírito; depende das provas que ele tiver de sofrer.
Os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque não tem sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, oferece-lhes provas e deveres especiais e novas ocasiões de adquirir experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os homens.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyQui Fev 04, 2010 3:58 pm

VII — Parentesco, Filiação

203. Os pais transmitem aos filhos uma porção de sua alma, ou nada mais fazem do que lhes dar a vida animal, a que uma nova alma vem juntar depois a vida moral?
— Somente a vida animal, porque a aima é indivisível. Um pai estúpido pode ter filhos inteligentes, e vice-versa.

204. Desde que tivemos muitas existências, o parentesco remonta as anteriores?
— Não poderia ser de outra maneira. A sucessão das existências corpóreas estabelece entre os Espíritos liames que remontam as existências anteriores; disso decorrem freqüentemente as causas de simpatia entre vós e alguns Espíritos que vos parecem estranhos.

205. Segundo certas pessoas, a doutrina da reencarnação parece destruir os laços de familia, fazendo-os remontar as existências anteriores.
— Ela os amplia, em vez de destruí-los. Baseando-se o parentesco em afeições anteriores, os laços qne unem os membros de uma mesma família são menos precários. A reencarnação amplia os deveres da fraternidade, pois no vosso vizinho ou no vosso criado pode encontrar-se um Espírito que foi do vosso sangue.

205-a. Ela diminui, entretanto, a importância que alguns atribuem a filiação, porque se pode ter tido como pai um Espírito que pertencia a uma outra raça, ou que tivesse vivido em condição bem diversa.
— É verdade; mas essa importância se baseia no orgulho. O que a maioria honra nos antepassados são os títulos, a classe, a fortuna. Este coraria de haver tido por avô um sapateiro honesto, e se vangloria de descender de um gentil-homem debochado. Mas digam ou façam o que quiserem, não impedirão que as coisas sejam como são, porque Deus não regulou as leis da Natureza pela nossa vaidade.

206. Desde que não há filiação entre os Espíritos dos descendentes de uma mesma familia, o culto dos antepassados seria uma coisa ridícula?
— Seguramente não, porque devemos sentir-nos felizes de pertencer a uma família na qual se encarnam Espíritos elevados. Embora os Espíritos não procedam uns dos outros, não têm menos afeição pelos que estão ligados a eles por laços de família, porque os Espíritos são freqüentemente atraídos a esta ou aquela família por causa de simpatias ou ligações anteriores. Mas acreditai que os Espíritos de vosso antepassados não se sentem absolutamente honrados com o culto que lhes tributais por orgulho. Seu mérito não recai sobre vós senão na medida em que vos esforçais por seguir os seus bons exemplos. Somente assim a vossa lembrança lhes pode ser, não apenas agradável, mas até mesmo útil.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySáb Fev 06, 2010 11:17 pm

VIII — Semelhanças Físicas e Morais

207. Os pais transmitem aos filhos, quase sempre, semelhança física. Transmitem também semelhança moral?
— Não, porque se trata de almas ou Espíritos diferentes. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes das raças nada mais existe do que consangüinidade.

207-a. De onde vêm as semelhanças morais que existem às vezes entre os pais e os filhos?
— São Espíritos simpáticos, atraídos pela afinidade de suas inclinações.

208. O Espírito dos pais não exerce influência sobre o do filho, após o nascimento?
— Exerce, e muito, pois como já dissemos, os Espíritos devem concorrer para o progresso recíproco. Pois bem: o Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação: isso é para ele uma tarefa? Se nela falhar, será culpado.

209. Por que pais bons e virtuosos têm filhos perversos? Ou seja: por que as boas qualidades dos pais não atraem sempre, por simpatia, bons Espíritos como filhos?
— Um mau Espírito pode pedir bons pais, na esperança de que os seus conselhos o dirijam por uma senda melhor, e muitas vezes Deus o atende.

210. Os pais poderão, pelos seus pensamentos e as suas preces, atrair para o corpo do filho um bom Espírito, em lugar de um Espírito inferior?
— Não. Mas podem melhorar o Espírito da criança a que deram nascimento e que lhes foi confiada. Esse é o seu dever; filhos maus são uma prova para os pais.

211. De onde vem a semelhança de caráter que existe freqüentemente entre os irmãos, sobretudo entre os gemêos?
— Espíritos simpáticos, que se aproximam pela similitude de seus sentimentos e que se sentem felizes de estar juntos.

212. Nas crianças cujos corpos nascem ligados, e que têm certos órgãos comuns, há dois Espíritos, ou seja, duas almas?
— Sim, mas a sua semelhança faz que muitas vezes não vos pareçam mais do que uma.

213. Mas se os Espíritos se encarnam nos gemêos por simpatia, de onde lhes vem a aversão que às vezes se nota entre eles?
— Não é uma regra que os gêmeos tenham de ser Espíritos simpáticos; Espíritos maus podem querer lutar juntos no teatro da vida.

214. Que pensar das histórias de crianças qne lutam no ventre da mãe?
— Imagem! Para figurar que o seu ódio era muito antigo, fazendo remontar à fase anterior ao nascimento. Geralmente não percebeis bem as imagens poéticas.

215. De onde vem o caráter distintivo que se observa em cada povo?
— Os Espíritos também formam famílias pela similitude de suas tendências, mais ou menos purificadas, segundo a sua elevação. Pois bem: um povo é uma grande família em que se reúnem Espíritos simpáticos. A tendência a se unirem, que têm os membros dessas famílias, é a origem da semelhança que determina o caráter distintivo de cada povo. Acreditas que Espíritos bons e humanos procurarão um povo duro e grosseiro? Não. Os Espíritos simpatizam com as coletividades, como simpatizam com os indivíduos. Procuram o seu meio.

216. O homem conserva, em suas novas existências, os traços do caráter moral das existências anteriores?
— Sim, isso pode acontecer. Mas ao melhorar-se ele se modifica. Sua posição social também pode não ser a mesma. Se de senhor ele se torna escravo, suas inclinações serão muito diferentes e teríeis dificuldades em reconhecê-lo. O Espírito sendo o mesmo, nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter, de uma para outra, certas semelhanças. Estas, entretanto, serão modificadas pelos costumes da nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha a mudar completamente o seu caráter, pois de orgulhoso e mau pode tornar-se humilde e humano, desde que se haja arrependido.

217. Nas suas diferentes encarnações, o homem conserva os traços do caráter físico das existências anteriores.
— O corpo é destruído e o novo corpo não tem nenhuma relação com o antigo. Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. Embora seja este apenas matéria, é modelado pelas qualidades do Espírito, que lhe imprimem um certo caráter, principalmente ao semblante, sendo pois com razão que se apontam os olhos como o espelho da alma, o que quer dizer que o rosto, mais particularmente, reflete a alma. Porque há pessoas excessivamente feias, que no entanto tem alguma coisa que agrada, quando encerram um Espírito bom, sensato, humano, enquanto há belos semblantes que nada te despertam, ou até mesmo provocam a tua repulsa. Poderias supor que só os corpos perfeitos encarnam Espíritos mais perfeitos que eles, quando encontras, todos os dias, homens de bem sob aparências disformes? Sem uma parecença pronunciada, a semelhança dos gostos e das tendências pode dar, portanto, aquilo que se chama um ar de conhecido.
O corpo que reveste a alma numa nova encarnação, não tendo nenhuma relação necessária com o anterior, pois que pode provir de origem muito diversa, seria absurdo suporde uma sucessão de existências ligadas por uma semelhança apenas fortuita. Não obstante, a qualidades do espírito modificam quase sempre os órgãos que servem para as suas manifestações, imprimindo no rosto, e mesmo no conjunto das maneiras um cumho distintivo. É assim que, sob o envoltório mais humilde, pode se encontrar a expressão da grandeza e da dignidade, enquanto sob o hábito do grande senhor vêem-se algumas vezes a da baixeza e da ignomínia. Certas pessoas, saídas da mais infímas posição, adquirem sem esforços os hábitos e as maneiras da uma sociedade, parecendo que reencontram o seu elemento, enquanto outras, malgrado seu nascimento e sua educação, estão sempre deslocadas. Como explicar esse fato de outra maneira, senão pelo reflexo daquilo que o Espírito foi?
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyDom Fev 07, 2010 10:18 pm

IX — Ideias Inatas

218. O Espírito encarnado conserva algum traço das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?
— Resta-lhe uma vaga lembrança, que lhe dá o que chamamos idéias inatas.

218-a. A teoria das idéias inatas não é quimérica?
— Não, pois os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; o Espírito, liberto da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação pode esquecê-los em parte, momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o seu adiantamento. Sem isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se achava na precedente.

218-b. Deve então haver uma grande conexão entre duas existências sucessivas?
— Nem sempre tão grande como podias pensar, porque as posições são quase sempre muito diferentes, e no intervalo de ambas o Espírito pôde progredir. (Ver o item 216).

219. Qual é a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, o cálculo, etc.?
— Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas do qual ela mesma não tem consciência. De onde queres que das venham? Os corpos mudam, mas o Espírito não muda, embora troque a vestimenta.

220. Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes?
— Sim, desde que se tenha desonrado essa faculdade, empregando-a mau. Uma faculdade pode, também, ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra, que não se relacione com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer mais tarde.

22l. É a uma lembrança retrospectiva que deve o homem, mesmo no estado de selvagem, o sentimento instintivo da existência de Deus e o pressentimento da vida futura?
— É uma lembrança que ele conserva daquilo que sabia como Espírito, antes de encarnar; mas o orgulho freqüentemente abafa esse sentimento.

22l-a. É a mesma lembrança que se devem certas crenças relativas a doutrina espírita encontradas em todos os povos?
— Esta doutrina é tão antiga quanto o mundo. É por isso que a encontramos por toda parte, e é esta uma prova da sua veracidade. O Espírito encarnado, conservando a intuição do seu estado de Espírito, tem a consciência instintiva do mundo invisível. Mas quase sempre ela é falseada pelos preconceitos, e a ignorancia mistura a ela a superstição.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyQui Fev 11, 2010 11:58 pm

Capítulo V

Considerações sobre a Pluralidade das Existências

222. O dogma da reencarnação, dizem algumas pessoas, não é novo; foi ressuscitado de Pitágoras. Mas jamais dissemos que a Doutrina Espírita fosse uma invenção moderna. O Espiritismo deve ter existido desde a origem dos tempos, pois decorre da própria Natureza. Temos sempre procurado provar que se encontram os seus traços desde a mais alta Antigüidade. Pitágoras, como se sabe, não é o criador do sistema da metempsicose, que tomou dos filósofos indianos e dos meios egípcios, onde ela existia desde épocas imemoriais. A idéia da transmigração das almas era portanto uma crença comum, admitida pelos homens mais eminentes. Por que maneira chegou até eles? Pela revelação, ou por intuição? Não o sabemos. Mas, seja como for, uma idéia não atravessa as idades e não é aceita pelas inteligências mais adiantadas, se não tiver um aspecto sério. A antigüidade desta doutrina, portanto, em vez de ser uma objeção, devia ser antes uma prova a seu favor. Há, porém, como igualmente se sabe, entre a metempsicose dos antigos e a moderna doutrina da reencarnação, a grande diferença de que os Espíritos rejeitam, da maneira mais absoluta, a transmigração do homem nos animais e vice-versa.
Os Espíritos, ensinando o dogma da pluralidade das existências corpóreas, renovam uma doutrina que nasceu nos primeiros tempos do mundo e que se conservou até os nossos dias, no pensamento íntimo de muitas pessoas. Apresentam-na, porém, de um ponto de vista mais racional, mais conforme com as leis progressivas da Natureza e mais em harmonia com a sabedoria do Criador, ao despojá-la de todos os acréscimos da superstição. Uma circunstância digna de nota é que não foi apenas neste livro que eles a ensinaram, nos últimos tempos: desde antes da sua publicação, numerosas comunicações da mesma natureza foram obtidas, em diversas regiões, e multiplicaram-se consideravelmente depois. Seria o caso, talvez, de examinar-se porque todos os Espíritos não parecem de acordo sobre este ponto. É o que faremos logo depois.
Examinemos o assunto por outro ângulo, fazendo abstração da intervenção dos Espíritos. Deixemo-los de lado por um instante. Suponhamos que esta teoria não foi dada por eles; suponhamos mesmo que nunca se tenha cogitado disto com os Espíritos. Coloquemo-nos momentaneamente numa posição neutra, admitindo o mesmo grau de probabilidade para uma hipótese e outra, a saber: a da pluralidade e a da unicidade das existências corpóreas, e vejamos para que lado nos levam a razão e o nosso próprio interesse.
Certas pessoas repelem a idéia da reencarnação pelo único motivo de que ela não lhes convém, dizendo que lhes basta uma existência e não desejam iniciar outra semelhante. Conhecemos pessoas que, a simples idéia de voltar a Terra, ficam enfurecidas. Só temos a lhes perguntar se Deus devia pedir-lhes conselho e consultar os seus gostos, para ordenar o Universo? De duas uma: a reencarnação existe ou não existe. Se existe, é inútil opor-se a ela, pois terão de sofrê-la, sem que Deus lhes peça permissão para isso. Parece-nos ouvir um doente dizer: Já sofri hoje demais e não quero tornar a sofrer amanhã. Qualquer que seja a sua má vontade, isso não o fará sofrer menos amanhã e nos dias seguintes, até que consiga curar-se. Da mesma maneira, se essas pessoas devem reviver corporalmente, reviverão, tornarão a reencarnar-se; perderão o tempo de protestar, como uma criança que não quer ir a escola ou um condenado a prisão, pois terão de passar por ela. Objeções dessa espécie são demasiado pueris para merecerem exame mais sério. Diremos, entretanto, a essas pessoas, para tranquilizá-las, que a doutrina espírita sobre a reencarnação não é tão terrível como pensam, e que se a estudassem a fundo não teriam do que se assustar. Saberiam que a situação dessa nova existência depende delas mesmas: será feliz ou desgraçada, segundo o que tiverem feito neste plano, e podem desde já elevar-se tão alto, que não mais deverão temer nova queda no lodaçal.
Supomos falar a pessoas que acreditam num futuro qualquer após a morte, e não as que só têm o nada como perspectiva, ou que desejam mergulhar a sua alma no Todo Universal, sem conservar a individualidade, como as gotas de chuva no oceano, o que vem a ser mais ou menos a mesma coisa. Se acreditais num futuro qualquer, por certo não admitireis que ele seja o mesmo para todos, pois qual seria a utilidade do bem? Por que reprimir se, por que não satisfazer a todas as paixões, a todos os desejos, mesmo a custa dos outros, se isso não teria conseqüência?
Acreditai, pelo contrário, que esse futuro será mais ou menos feliz ou desgraçado, segundo o que tivermos feito durante a vida, e tereis o desejo de que ele seja o mais feliz possível, pois devera durar pda eternidade. Terieis a pretensão de ser uma das criaturas mais perfeitas que já passaram pela Terra, tendo assim o direito imediato a felicidade dos eleitos? Não. Admitis, então, que há criaturas que valem mais do que vós e têm direito a uma situação melhor, sem por isso vos considerardes entre os reprobos. Pois bem: colocai-vos por um instante, pelo pensamento, nessa situação intermediária, que será a vossa, como o admitis, e suponde que alguém venha dizer-vos: "Sofreis, não sois tão felizes como poderieis ser, enquanto tendes diante de vós os que gozam de uma felicidade perfeita: quereis trocar a vossa posição com a deles?" — Sem dúvida responderíeis, "mas o que devo fazer?" — Quase nada, recomeçar o que fizestes mal e tratar de faze-lo melhor. — Hesitaríeis em aceitar, mesmo que fosse ao preço de muitas existências de provas? Façamos uma comparação mais prosaica. Se a um homem que, sem estar na miséria extrema, passa pelas privações decorrentes da sua precariedade de recursos, viessem dizer: "Eis uma imensa fortuna que podereis gozar, sendo porém necessário trabaihar rudemente durante um minuto". Fosse ele o maior preguiçoso da Terra, e diria sem hesitar: "Trabalhemos um minuto, dois minutos, uma hora, um dia, se for preciso! O que será isso, para acabar a minha vida na abundância?" Ora, o que é a duração da vida corporal em relação a da eternidade? Menos que um minuto, menos que um segundo.
Ouvimos algumas vezes este raciocínio: Deus, que e soberanamente bom, não pode impor ao homem o reinício de uma série de misérias e tribulações. Acharão, por acaso, que há mais bondade em condenar o homem a um sofrimento perpétuo, por alguns momentos de erro, do que em lhe conceder os meios de reparar as sua faltas? "Dois fabricantes tinham, cada qual, um operário que podia aspirar a se tornar sócio da firma. Ora, aconteceu que esses dois operários empregaram mal, certa vez, o seu dia de trabalho, e mereceram ser despedidos. Um dos fabricantes despediu o seu empregado, apesar de suas súplicas, e este, não mais encontrando emprego, morreu na miséria. O outro disse ao seu empregado: "Perdeste um dia e me deves uma compensação; fizeste mal o trabalho e me deves a reparação; eu te permito recomeçar; trata de fazê-lo bem, e eu te conservarei e poderás continuar aspirando a posição superior que te prometi". Seria necessário perguntar qual dos dois fabricantes foi mais humamo? Deus, que é a própria clemência, seria mais inexorável que um homem? O pensamento de que a nossa sorte esta para sempre fixada em alguns anos de prova, ainda mesmo quando nem sempre dependesse de nós atingir a perfeição sobre a Terra, teria qualquer coisa de pungente enquanto a idéia contrária é eminentemente consoladora, pois não nos tira a esperança. Assim, sem nos pronunciarmos pró ou contra a pluralidade das existências, sem admitir uma hipótese mais do que a outra, diremos que, se pudéssemos escolher, ninguém preferiria um julgamento sem apelo. Um filósofo disse que, se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo para a felicidade do gênero humano; o mesmo se poderia dizer da pluralidade das existências. Mas, como dissemos, Deus não nos pede licença, não consulta as nossas preferências; as coisas são ou não são. Vejamos de que lado estão as probabilidades, e tomemos o problema sob outro ponto de vista, fazendo sempre abstração do ensinamento dos Espíritos e unicamente, por tanto, como estudo filosófico.
Se não há reencarnação, não há mais do que uma existência corporal, isso é evidente. Se nossa existência corporal é a única, a alma de cada criatura foi criada por ocasião do nascimento, a menos que admitamos a anterioridade da alma. Mas neste caso perguntaríamos o que era a alma antes do nascimento, e se o seu estado não constituiria uma existência, sob qualquer forma. Não há, pois, meio-termo: ou a alma existia ou não existia antes do corpo. Se ela existia, qual era a sua situação? Tinha ou não consciência de si mesma? se não a tinha, era mais ou menos como se não existisse se tinha, sua individualidade era progressiva ou estacionária? Num e noutro caso, qual a sua situação ao tomar o corpo? Admitindo, de acordo com a crença vulgar, que a alma nasce com o corpo, ou o que dá no mesmo, que antes da encarnação só tinha faculdades negativas, formulemos as seguintes questões:
1. Por que a alma revela aptidões tão diversas e independentes das idéias adquiridas pela educação?
2. De onde vem a aptidão extranormal de algumas crianças de pouca idade para esta ou aquela ciência, enquanto outras permanecem inferiores ou medíocres por toda a vida?
3. De onde vêm, para uns, as idéias inatas ou intuitivas, que não existem para outros7
4. De onde vêm, para certas crianças, os impulsos precoces de vícios ou virtudes, esses sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, que contrastam com o meio em que nasceram?
5. Por que alguns homens, independentemente da educação, são mais adiantados que outros?
6. Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote, de peito, e a educarmos enviando-a depois aos mais renomados liceus, faremos dela um Laplace ou um Newton?
Perguntamos qual a Filosofia ou a Teosofia que pode resolver esses problemas. Ou as almas são iguais ao nascer, ou não são: quanto a isso não há dúvida. Se são iguais, por que essas tamanhas diferenças de aptidões? Dirão que dependem do organismo. Mas, nesse caso, teríamos a doutrina mais monstruosa e mais imoral. O homem não seria mais que uma máquina, joguete da matéria; não teria a responsabilidade dos seus atos; tudo poderia atribuir as suas imperfeições físicas. Se as almas são desiguais, foi Deus quem as criou assim. Então, por que essa superioridade inata, conferida a alguns? Essa parcialidade estaria conforme a sua justiça e ao amor que dedica por igual a todas as criaturas?
Admitamos, ao contrário, uma sucessão de existências anteriores e progressivas, e todo se explicará. Os homens trazem, ao nascer, a intuição do que já haviam adquirido. São mais ou menos adiantados, segundo o número de existências por que passaram ou conforme estejam mais ou menos distanciados do ponto de partida: precisamente como, numa reunião de pessoas de todas as idades, cada uma terá um desenvolvimento de acordo com o número de amos vividos. Para a vida da alma, as existências sucessivas serão o que os anos são para vida do corpo. Reuni um dia mil indivíduos de um até oitenta anos, suponde que um véu tenha sido lançado sobre todos os dias anteriores, e que, na vossa ignorância, julgeis todos eles nascidas no mesmo dia: perguntareis, naturalmente, por que uns são grandes e outros pequenos, uns velhos e outros jovens, uns instruídas e outras ainda ignorantes. Mas, se a nuvem que vos oculta o passado for afastada, se compreenderdes que todos viveram por mais ou menos tempa, tudo estará explicado. Deus, na sua justiça, não podia ter criado almas mais perfeitas e outras menos perfeitas. Mas, com a pluralidade das existências, a desigualdade que vemos nada tem de contrário a mais rigorosa eqüidade. porque só vemos o presente e não o passado, que não o compreendemos. Este raciocínio repousa sobre algum sistema, alguma suposição gratuíta? Não, pois partimos de um fato patente, incontestável: a desigualdade de aptidões e do desenvolvimento intelectual e moral. E verificamos que esse fato é inexplicável por todas as teorias correntes, enquanto a explicação é simples, natural, lógica, por uma nova teoria. Seria racional preferirmos aquela que nada explica a outra que tudo explica?
No tocante a sexta pergunta, dirão sem dúvida que o hotentote é de uma raça inferior. Então perguntaremos se o hotentote é ou não humano. Se é humano, por que teria Deus, a ele e a toda a sua raça, deserdado dos privilégios concedidos a raça caucásica? Se o não é, por que procurar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita é mais ampla que tudo isso. Para ela, não há muitas espécies de homens, mas apenas homens, seres humanos cujos espíritos são mais ou menos atrasados, mas sempre susceptíveis de progredir. lsto não está mais conforme a Justiça de Deus?
Vimos a alma no seu passado e no seu presente. Se a considerarmos quanto ao futuro, encontraremos as mesmas dificuldades.
1. Se a existência presente deve ser decisiva para a sorte futura, qual é, na vida futura, respectivamente, a posição do selvagem e a do homem civilizado? Estarão no mesmo nível ou estarão distanciados no tocante a felicidade eterna?
2. O homem que trabalhou toda a vida para melhorar-se estará no mesmo plano daquele que permaneceu inferior, não por sua culpa, mas por que não teve o tempo nem a possibilidade de melhorar?
3. O homem que praticou o mal, por não ter podido esclarer-se, é culpado por um estado de coisas que dele em nada dependeu?
4. Trabalha-se para esclarecer os homens, para os moralizar e civilizar. Mas, para um que se esclarece, há milhões que morrem cada dia, antes que a luz consiga atingi-los. Qual é a sorte destes? Serão tratados como répobros? Caso contrário, o que fizeram eles, para merecerem estar no mesmo plano que os outros?
5. Qual é a sorte das crianças que morrem em tenra idade, antes de poderem ter feito o mal ou o bem? Se estiverem entre os eleitos, por que esse favor, sem nada terem feito para o merecer? Por que privilégio foram elas subtraídas as tribulações da vida?
Há uma doutrina que possa resolver essas questões?
Admiti as existências sucessivas, e tudo estara explicado de acordo com a justiça de Deus. Aquilo que não pudemos fazer numa existência, fazemos em outra. É assim que ninguém escapa a lei do progresso. Cada um será recompensado segundo o seu verdadeiro merecimento, ninguem é ex cluído da felicidade suprema, a que pode aspirar, sejam quais forem os obstaculos que encontre no seu caminho.
Essas questões poderiam ser multiplicadas ao infinito, porque os problemas psicológicos e morais que não encontram solução, a não ser na pluralidade das existências, são inumeráveis. Limitamo-nos apenas aos mais gerais. Seja como for, talvez se diga que a doutrina da reencarnação não é admitida pela Igreja: isto seria, portanto, a subversão da religião. Nosso objetivo não é, portanto, tratar desta questão, bastando-nos haver demonstrado que ela é eminentemente moral e racional. Ora, o que é moral e racional não pode ser contrário a uma religião que proclame Deus como a bondade e a razão por excelência. O que teria acontecido a religião se, contra a opinião universal e o testemunho da Ciência, tivesse resistido a evidência e expulsado de seu seio quem não acreditasse no movimento do Sol e nos seis dias da Criação? Que crédito mereceria, e que autoridade teria, entre os povos esclarecidos, uma religião baseada nos erros evidentes, oferecidos como artigos de fé? Quando a evidência foi demonstrada, a lgreja sabiamente se alinhou ao seu lado. Se está provado que existem coisas que seriam impossíveis sem a reencarnação, se certos pontos do dogma não podem ser explicados senão por este meio, será necessário admiti-la e reconhecer que o antagonismo entre essa doutrina e os dogmas é apenas aparente. Mais tarde mostraremos que a religião talvez esteja menos afastada desta doutrina do que se pensa, e que ela não sofreria mais, ao admiti-la, do que com a descoberta do movimento da Terra e dos períodos geológicos, que a princípio pareciam opor um desmentido aos textos sagrados. O princípio da reencarnação ressalta, aliás, de muitas passagens das Escrituras encontrando-se especialmente formulado, de maneira explícita, no Evangelho:
— "Descendo eles da montanha (após a transfiguração) Jesus lhes preceituou, dizendo: Não digais a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem seja ressuscitado de entre os mortos. Seus discípulos então o interrogaram, e lhe disseram: Por que dizem pois os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, lhes disse: em verdade, Elias virá primeiro e restabelecerá todas as coisas. Mas eu vos declaro que Elias já veio, e eles não o conheceram, antes o fizeram sofrer tudo quanto quiseram. Assim também eles farão morrer ao Filho do Homem. Então entenderam os discípulos que era de João Batista que ele lhes havia falado". (São Mateus, cap. XVII).
Seja qual for, de resto, a opinião que se tenha sobre a reencarnação, quer a aceitem ou não, ninguém a ela escapará por causa da crença em contrário. O ponto essencial é que o ensinamento dos Espíritos é eminentemente cristão: ele se apóia na imortalidade da alma, nas penas e recompensas futuras, no livre arbítrio do homem, na moral do Cristo, e portanto não é anti-religioso.
Raciocinamos, como dissemos, fazendo abstração de todo o ensinamento espírita, que, para certas pessoas, não tem autoridade. Se, como tantos outros, adotamos a opinião referente a pluralidade das existências, não e somente por que ela nos veio dos Espíritos, mas porque nos parece a mais lógica e a única que resolve as questões até então insolúveis. Que ela nos viesse de um simples mortal, e a adotadamos da mesma maneira, não hesitando em renunciar as nossas próprias idéias. Do mesmo modo, nós a teriamos repelido, embora viesse dos Espíritos, se nos parecesse contrária a razão, como repelimos tantas outras. Porque sabemos, por experiência, que não se deve aceitar de olhos fechados tudo o que vem dos Espíritos, como aquilo que vem da parte dos homens. Seu primeiro título aos nossos olhos é, antes de tudo, o de ser lógico. Mas ainda tem outro, que é o de ser confirmada pelos fatos: fatos positivos e por assim dizer materiais, que um estudo atento e raciocinado pode revelar a quem se der ao trabalho de observá-los com paciência e perseverança, e diante dos quais a dúvida não é mais possível. Quando esses fatos se popularizarem, como os da formação e do movimento da Terra, será necessário reconhecer a evidência, e os seus opositores terão gasto em vão seus argumentos contrários.
Reconhecamos, em resumo, que a doutrina da pluralidade das existências é a única a explicar aquilo que, sem ela, é inexplicável. Que é emínentemente consoladora e conforme a justiça mais rigorosa, sendo para o homem a tábua de salvação que Deus lhe concedeu, na sua misericórdia.
As próprias palavras de Jesus não podem deixar dúvida a respeito. Eis o que se lê no Evangelho segundo São João, capítulo III:
3. "Jesus, respondendo a Nicodemos, disse: Em verdade, em verdade te digo que se um homem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
4. Nicodemos lhe disse: Como pode um homem nascer, quando está velho? Pode ele entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer outra vez?
5. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que, se um homem não nascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito e espírito. Não te maravilhes de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo". (Ver, a seguir, o artigo Ressurreição da carne, item 1.010)
Nota do Tradutor — A reencarnação está hoje provada através dos casos de lembranças de vidas anteriores em crianças, de pesquisas hipnóticas de regressão da memória, de avisos mediúnicos, de renascimentos com sinaís e condições posteriormente verificados. Embora as ciências oficiais ainda relutem em aceitar essas provas, a Ciência espírita as considera válidas e espera para breve a sua aceitação oficial. — Platão, em "A República", apresentou o famoso Mito da Caverna para explicar a vida espiritual. Kardec nos oferece, nas considerações acima, o Mito do Véu para esclarecer o problema da reencarnação. Chamamos para ele a atenção do leitor; pusemo-lo em negrito na página 129.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySáb Fev 27, 2010 10:42 pm


Capítulo VI

Vida Espírita

I — Espíritos Errantes

223. A alma se reencarna imediatamente após a separação do corpo?
— Às vezes, imediatamente, mas, na maioria das vezes, depois de intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores a reencarnação é quase sempre imediata. A matéria corpórea sendo menos grosseira, o Espírito encarnado goza de quase todas as faculdades do Espírito. Seu estado normal é o dos vossos sonâmbulos lúcidos.

224. O que é a alma, nos intervalos das encarnações?
— Espírito errante, que aspira a um novo destino e o espera.

224-a. Qual poderá ser a duração desses intervalos?
— De algumas horas a alguns milhares de séculos. De resto, não existe, propriamente falando, limite extremo determinado para o estado errante, que pode prolongar-se por muito tempo, mas que nunca é perpétuo. O Espírito tem sempre a oportunidade, cedo ou tarde, de recomeçar uma existência que sirva à purificação das anteriores.

224-b. Essa duração está subordinada à vontade do Espírito, ou lhe pode ser imposta como expiação?
— É uma conseqüência do livre arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem, mas para alguns é também uma punição infligida por Deus. Outros pedem o seu prolongamento para prosseguir estudos que não poderia ser feitos com proveito a não ser no estado de Espírito.

225. A erraticidade é, por si mesma, um sinal de inferioridade entre os Espíritos?
— Não, pois há Espíritos errantes de todos os graus. A encarnação é um estado transitório, já o dissemos. No seu estado normal, o Espírito é livre da matéria.

226. Pode-se dizer que todos os Espíritos não-encarnados são errantes?
— Os que devem reencarnar-se, sim; mas os Espíritos puros, que chegaram à perfeição, não são errantes: seu estado é definitivo.
No tocante às suas qualidades íntimas os Espíritos pertecem a diferentes ordens ou graus, pelos quais passam sucessivamente, à medida que se purificam. No tocante ao estado podem ser: encarnados, que quer dizer ligados a um corpo; errantes, ou desligados do corpo material e esperando uma nova encarnação para se melhorarem; Espíritos puros ou perfeitos e não tendo mais necessidade da encarnação.

227. De que maneira se instruem os Espíritos errantes; pois certamente não o fazem da mesma maneira que nós?
— Estudam o seu passado e procuram o meio de se elevarem. Vêem, observam o que se passa nos lugares que percorrem; escutam os discursos dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes proporciona idéias que não possuíam.

228. Os Espíritos conservam algumas das paixões humanas?
— Os Espíritos elevados, ao perderem o seu invólucro, deixam as más paixões e só guardam a do bem; mas os Espíritos inferiores as conservam, pois de outra maneira pertenceriam à primeira ordem.

229. Por que os Espíritos, ao deixarem a Terra, não abandonam as suas más paixões, desde que vêem os seus inconvenientes?
— Tens nesse mundo pessoas que são excessivamente vaidosas. Acredita que, ao deixá-lo, perderão esse defeito? Após a partida da Terra, sobretudo para aqueles que tiverem paixões bem vivas, resta uma espécie de atmosfera, que os envolve, guardando todas essas coisas más, pois o Espírito não está inteiramente desprendido. E apenas por momentos que ele entrevê a verdade, como para mostrar-lhe o bom caminho.

230. O Espírito progride no estado errante?
— Pode melhorar-se bastante, sempre de acordo com a sua vontade e o seu desejo; mas é na existência corpórea que ele põe em prática as novas idéias adquiridas.

231. Os Espíritos errantes são felizes ou infelizes?
— Mais ou menos, segundo os seus méritos. Sofrem as paixões cujos germes conservaram, ou são felizes, segundo a sua maior ou menor desmaterialização. No estado errante, o Espírito entrevê o que lhe falta para ser mais feliz. E assim que ele busca os meios de o atingir; mas nem sempre lhe é permitido reencarnar-se à vontade, e isso é uma punição.

232. No estado errante os Espíritos podem ir a todos os mundos?
— Conforme. Quando o Espírito deixa o corpo, ainda não está completamente desligado da matéria e pertence ainda ao mundo em que viveu ou a um mundo do mesmo grau; a menos que, durante sua vida, tenha se elevado. Esse é o objetivo a que deve voltar-se, pois sem isso jamais se aperfeiçoaria. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores, passando por eles como estrangeiro. Nada mais faz do que os entrever, e é isso que lhe dá o desejo de se melhorar, para ser digno da felicidade que neles se desfruta e poder habitá-los.

233. Os Espíritos já purificados vêm aos mundos inferiores?
— Vêm freqüentemente, a fim de os ajudar a progredir; sem isso, esses mundos estariam entregues a si mesmos, sem guias para os orientar.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyDom Fev 28, 2010 11:08 pm

II — Mundos Transitórios

234. Existem, como foi dito, mundos que servem de estações ou de lugares de repouso aos Espíritos errantes?
— Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que eles podem habitar temporariamente, espécies de acampamentos, de lugares em que possam repousar de erraticidades muito longas, que são sempre um pouco penosas. São posições intermediárias entre os mundos, graduadas de acordo com a natureza dos Espíritos que podem atingi-los e que neles gozam de maior ou menor bem-estar.

234-a. Os Espíritos que habitam esses mundos podem deixá-los à vontade?
— Sim, os Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los para seguir o seu destino. Figurai-os como aves de arribação descendo numa ilha para recuperarem suas forças e seguirem avante.

235. Os Espíritos progridem durante essas estações nos mundos transitórios?
— Certamente. Os que assim se reúnem têm o fito de se instruírem e de mais facilmente obter a permissão de ir a lugares melhores, até chegar à posição dos eleitos.

236. Os mundos transitórios são, por sua natureza especial, perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?
— Não, sua posição é apenas temporária.

236-a. São eles ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?
— Não, sua superfície é estéril. Os que os habitam não precisam de nada.

236-b. Essa esterilidade é permanente e se liga à sua natureza especial?
— Não; são estéreis transitoriamente.

236-c. Esses mundos seriam, então, desprovidos de belezas naturais?
— A Natureza se traduz pelas belezas da imensidade, que não são menos admiráveis do que as que chamais belezas naturais.

236-d. Sendo transitório o estado desses mundos, a Terra terá um dia de estar entre eles?
— Já esteve.

236-e. Em que época?
— Durante a sua formação.
Nada existe de inútil na Natureza: cada coisa tem a sua finalidade, a sua destinação; nada é vazio, tudo é habitado, a vida se expande por toda parte. Assim durante a longa série de séculos que se escoou antes da aparição do homem sobre a Terra durante os lentos períodos de transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos, sobre essa massa informe, nesse árido caos em que os elementos se confundiam não havia ausência de vida. Seres que não tinham as nossas necessidades, nem as nossas sensações físicas, ali encontravam refúgio. Deus quis que, mesmo nesse estado imperfeito, ela servisse para alguma coisa. Quem, pois, ousaria dizer que entre os bilhões de mundos que circulam na imensidade apenas um, e um dos menores, perdido na multidão, teve o privilégio exclusivo de ser povoado? Qual seria a utilidade dos outros? Deus os teria feito só para recrear os nossos olhos?
Suposição absurda, incompatível com a sabedoria que brilha em todas as suas obras, inadmissível quando se pensa em todas as que não podemos perceber. Ninguém poderá negar que há, nesta idéia dos mundos ainda impróprios para a vida material, e entretanto povoados de seres apropriados ao seu estado, alguma coisa de grande e sublime, onde talvez se encontre a solução de muitos problemas.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySeg Mar 01, 2010 11:14 pm

III — Percepções, Sensações e Sofrimentos dos Espíritos

237. A alma, uma vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as percepções que tinha nesta vida?
— Sim, e outras que não possuía, porque o seu corpo era como um véu que a obscurecia. A inteligência é um atributo do Espírito, mas se manifesta mais livremente quando não tem entraves.

238. As percepções e os conhecimentos dos Espíritos são indefinidos; em uma palavra, sabem eles todas as coisas?
— Quanto mais se aproximam da perfeição mais sabem: se são superiores, sabem muito; os Espíritos inferiores são mais ou menos ignorantes em todos os assuntos.

239. Os Espíritos conhecem o princípio das coisas?
— Conforme a sua elevação e a sua pureza. Os Espíritos inferiores não sabem mais do que os homens.

240. Os Espíritos compreendem a duração como nós?
— Não; e isso faz que nem sempre nos compreendais, quando se trata de fixar datas ou épocas.
Os Espíritos vivem fora do tempo, tal como o compreendemos; a duração, para eles, praticamente não existe, e os séculos, tão longos para nós, não são aos seus olhos mais do que instantes que desaparecem na eternidade, da mesma maneira que as desigualdades do solo se apagam e desaparecem para aquele que se eleva no espaço.

241. Os Espíritos fazem do presente uma idéia mais precisa e mais justa do que nós?
— Mais ou menos como aquele que vê claramente tem uma idéia mais justa das coisas, do que o cego. Os Espíritos vêem o que não vedes, e julgam diferentes de vós. Mas ainda uma vez: isso depende da sua elevação.

242. Como têm os Espíritos o conhecimento do passado? Esse conhecimento é para eles limitado?
— O passado quando dele nos ocupamos, é um presente, precisamente como te lembras de uma coisa que te impressionou durante o teu exílio. Entretanto, como não temos mais o véu material que obscurece a tua inteligência, lembramo-nos das coisas que desapareceram para ti. Mas nem tudo os Espíritos conhecem, a começar pela sua própria criação.

243. Os Espíritos conhecem o futuro?
— Isso ainda depende da sua perfeição. Quase sempre, nada mais fazem do que entrevê-lo, mas nem sempre têm a permissão de o revelar; quando o vêem, ele lhes parece presente. O Espírito vê o futuro mais claramente à medida que se aproxima de Deus. Depois da morte, a alma vê e abarca de relance as suas migrações passadas, mas não pode ver o que Deus lhe prepara. Para isso é necessário que esteja integrada nele, depois de muitas existências.

243-a. Os Espíritos chegados à perfeição absoluta têm completo conhecimento do futuro?
— Completo não é o termo, porque Deus é o único e soberano Senhor, e ninguém o pode igualar.

244. Os Espíritos vêem a Deus?
— Somente os Espíritos superiores o vêem e compreendem; os Espíritos inferiores o sentem e adivinham.

244-a. Quando um Espírito inferior diz que Deus lhe proíbe ou permite uma coisa, como sabe que a ordem vem d'Ele?
— Ele não vê a Deus, mas sente a sua soberania, e quando uma coisa não deve ser feita ou uma palavra não deve ser dita, ele o sente como uma intuição, uma advertência invisível que o inibe de fazê-lo. Vós mesmos tendes pressentimentos que são para vós como advertências secretas, para fazerdes ou não alguma coisa. O mesmo acontece conosco, mas em grau superior, pois compreendes que, sendo mais sutil do que a vossa a essência dos Espíritos, podemos receber mais facilmente as advertências divinas.

244-b. A ordem é transmitida diretamente por Deus, ou por intermédio de outros Espíritos?
— Não lhe chega diretamente de Deus, pois para comunicar-se com ele é preciso merecê-lo. Deus transmite as suas ordens pelos Espíritos que estão mais elevados em perfeição e instrução.

245. A vista dos Espíritos é circunscrita como nos seres corpóreos?
— Não, é uma faculdade geral.

246. Os Espíritos precisam de luz para ver?
— Vêem pela luz própria, sem necessidade de luz exterior; para eles não há trevas, a não ser aquelas em que podem encontrar-se por expiação.

247. Os Espíritos precisam transportar-se para ver em dois lugares diferentes? Podem ver ao mesmo tempo num e noutro hemisfério do globo?
— Como o Espírito se transporta com a rapidez do pensamento, podemos dizer que vê por toda parte de uma só vez. Seu pensamento pode irradiar e dirigir-se para muitos pontos ao mesmo tempo. Mas essa faculdade depende da sua pureza: quanto menos puro ele for, mais limitada é a sua vista; somente os Espíritos superiores podem ter visão de conjunto.
A faculdade de ver dos Espíritos, inerente à sua natureza, difunde-se por todo o seu ser, como a luz num corpo luminoso. E uma espécie de lucidez universal, que se estende a tudo, envolve simultaneamente o espaço, o tempo e as coisas, e para a qual não há trevas nem obstáculos materiais. Compreendo-se que assim deve ser, pois no homem a vista funciona através de um órgão que recebe a luz, e sem luz ele fica na obscuridade. Mas, nos Espíritos, a faculdade de ver sendo um atributo próprio que independe de qualquer agente exterior, a vista não precisa de luz. (Ver Ubiqüidade item 92).

248. O Espírito vê as coisas tão distintamente como nós?
— Mais distintamente, porque a sua vista penetra o que a vossa não pode penetrar; nada a obscurece.

249. O Espírito percebe os sons?
— Sim, e percebe até mesmo os que os vossos sentidos obtusos não podem perceber.

249-a. A faculdade de ouvir, como a de ver, está em todo o seu ser?
— Todas as percepções são atributos do Espírito e fazem parte do seu ser. Quando ele se reveste do corpo material, eles se manifestam pelos meios orgânicos; mas, no estado de liberdade, não estão mais localizadas.

250. Sendo as percepções atributos do próprio Espírito, ele pode deixar de usá-las?
— O Espírito só vê e ouve o que ele quiser. Isto de uma maneira geral, e sobretudo para os Espíritos elevados, porque os imperfeitos ouvem e vêem freqüentemente, queiram ou não, aquilo que pode ser útil ao seu melhoramento.

251. Os Espíritos são sensíveis à música?
— Queres falar da vossa música? O que é ela perante a música celeste, essa harmonia da qual ninguém na Terra pode ter idéia? Uma é para a outra o que o canto do selvagem é para a suave melodia: Não obstante os Espíritos vulgares podem provar um certo prazer ao ouvir a vossa música porque não estão ainda capazes de compreender outra mais sublime. A música tem, para os Espíritos, encantos infinitos, em razão de suas qualidades sensitivas muito desenvolvidas. Refiro-me à música celeste, que é tudo quanto a imaginação espiritual pode conceber de mais belo e mais suave.

252. Os Espíritos são sensíveis às belezas naturais?
— As belezas naturais dos vários globos são tão diversas que estamos longe de as conhecer. Sim, são sensíveis a elas, segundo as suas aptidões para as apreciar e compreender. Para os Espíritos elevados há belezas de conjunto, diante das quais se apagam, por assim dizer, as belezas dos detalhes.

253. Os Espíritos experimentam as nossas necessidades e os nossos sofrimentos físicos?
— Eles os conhecem, porque os sofreram, mas não os experimentam materialmente como vós, porque são Espíritos.

254. Os Espíritos sentem fadiga e necessidade de repouso?
— Não podem sentir a fadiga como a entendeis, e portanto não necessitam do repouso corporal, pois não possuem órgãos em que as forças tenham de ser restauradas. Mas o Espírito repousa, no sentido de não permanecer numa atividade constante. Ele não age de maneira material, porque a sua ação é toda intelectual e o seu repouso é todo moral. Há momentos em que o seu pensamento diminui de atividade e não se dirige a um objeto determinado; este é o verdadeiro repouso, mas não se pode compará-lo ao do corpo. A espécie de fadiga que os Espíritos podem provar está na razão da sua inferioridade, pois quanto mais se elevam, de menos repouso necessitam.

255. Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu sofrimento?
— Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente que os sofrimentos físicos.

256. Como alguns Espíritos se queixam de frio ou calor?
— Lembrança do que sofreram durante a vida, e algumas vezes tão penosa como a própria realidade. Freqüentemente é uma comparação que fazem, para exprimirem a sua situação. Quando se lembram do corpo experimentam uma espécie de impressão, como quando se tira uma capa e algum tempo depois ainda se pensa estar com ela.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptyQua Mar 03, 2010 10:29 pm

IV — Ensaio Teórico Sobre a Sensação nos Espíritos

257. O corpo é o instrumento da dor; se não é a sua causa primeira, é pelo menos a imediata. A alma tem a percepção dessa dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que dela conserva pode ser muito penosa mas não pode implicar ação física. Com efeito, o frio e o calor não podem desorganizar os tecidos da alma; a alma não pode regelar-se nem queimar. Não vemos, todos os dias, a lembrança ou a preocupação de um mal físico produzir os seus efeitos? E até mesmo ocasionar a morte? Todos sabem que as pessoas que sofreram amputações sentem dor no membro que não mais existe. Seguramente não é esse membro a sede, nem o ponto de partida da dor: o cérebro conservou a impressão, eis tudo. Podemos portanto supor que há qualquer coisa de semelhante nos sofrimentos dos Espíritos depois da morte. Um estudo mais aprofundado do perispírito, que desempenha papel tão importante em todos os fenômenos espíritas, — nas aparições vaporosas ou tangíveis, no estado do Espírito no momento da morte, na idéia tão freqüente de que ainda está vivo, na situação surpreendente dos suicidas, dos supliciados, dos que se absorveram nos prazeres materiais, e tantos outros fatos, — veio lançar luz sobre esta questão, dando lugar às explicações de que apresentamos em resumo.

O perispírito é o liame que une o Espírito à matéria do corpo; é tomado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético, e até um certo ponto, a própria matéria inerte. Poderíamos dizer que é a quintessência da matéria. E o princípio da vida orgânica, mas não o da vida intelectual, porque esta pertence ao Espírito. E também o agente das sensações externas. No corpo, estas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam generalizadas. Eis porque o Espírito não diz que sofre mais da cabeça que dos pés. E necessário, aliás, nos precavermos de confundir as sensações do perispírito independente com as do corpo: não podemos tomar estas últimas senão como termo de comparação, e não como analogia. Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é o mesmo do corpo; não obstante, não é também um sofrimento exclusivamente moral, como o remorso, pois ele se queixa de frio e de calor. Mas não sofre mais no inverno do que no verão: vemo-los passar através das chamas sem nada experimentar de penoso, o que mostra que a temperatura não exerce sobre eles nenhuma impressão. A dor que sentem não é dor física propriamente dita: é um vago sentimento interior, de que o próprio Espírito nem sempre tem perfeita consciência, porque a dor não está localizada e não é produzida por agentes exteriores: é, antes, uma lembrança também penosa. Algumas vezes, há mais que uma lembrança, como veremos.

A experiência nos ensina que, no momento da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo. Nos primeiros instantes, o Espírito não compreende a sua situação; não acredita que morreu; sente-se vivo; vê o seu corpo de lado, sabe que é o seu e não entende porque está separado. Esse estado dura todo o tempo em que existir um liame entre o corpo e o perispírito. Um suicida nos dizia: "Não, eu não estou morto", e acrescentava: "e entretanto sinto os vermes que me roem". Ora, seguramente, os vermes não roíam o perispírito, e menos ainda o Espírito, mas o corpo. Como a separação do corpo e do perispírito não estava completa, havia uma espécie de repercussão emocional, que lhe transmitia a sensação do que se passava no corpo. Repercussão não é bem o termo, pois poderia dar idéia de um efeito muito material. Era antes a visão do que se passava no corpo, ao qual o perispírito continuava ligado que produzia essa ilusão, tomada por real. Assim, não se tratava de uma lembrança, pois durante a vida ele não fora roído pelos vermes: era uma sensação atual.

Vemos, pois, as deduções que podemos tirar dos fatos, quando atentamente observados. Durante a vida; o corpo recebe as impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se costuma chamar de fluido nervoso. O corpo, estando morto, não sente mais nada, porque não possui Espírito nem perispírito. O Espírito, desligado do corpo, experimenta a sensação, mas como esta não lhe chega por um canal limitado, torna-se geral. Como o perispírito é apenas um agente de transmissão, pois é o Espírito que possui a consciência, deduz-se que se pudesse existir perispírito sem Espírito, ele não sentiria mais do que um corpo morto. Da mesma maneira, se um Espírito não tivesse perispírito seria inacessível a todas as sensações penosas: é o que acontece com os Espíritos completamente purificados. Sabemos que quanto mais o Espírito se purifica, mais eterizada se torna a essência do perispírito, de maneira que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, ou seja, à medida que o perispírito se torna menos grosseiro.

Mas, dir-se-á, as sensações agradáveis são transmitidas ao Espírito pelo perispírito, tanto quanto as desagradáveis. Ora, se o Espírito puro é inacessível a umas, deve sê-lo igualmente às outras. Sim, sem dúvida, àquelas que provêm unicamente da influência da matéria que conhecemos: o som dos nossos instrumentos, o perfume das nossas flores não lhes produzem nenhuma impressão, e não obstante eles gozam de sensações íntimas, de um encanto indefinível das quais não podemos fazer a mínima idéia, porque estamos para elas como os cegos de nascença para a luz. Sabemos que elas existem, mas de que maneira? Aí se detêm o nosso conhecimento. Sabemos que o Espírito tem percepção, sensação, audição, visão, que essas faculdades são atributos de todo o seu ser, e não apenas de certos órgãos como nos homens. Mas, ainda uma vez, de que forma? Isso é o que não sabemos. Os próprios Espíritos não podem explicar-nos, porque a nossa linguagem não foi feita para exprimir idéias que não possuímos, assim como na língua dos selvagens não há termos para a expressão de nossas artes, nossas ciências e nossas doutrinas filosóficas.

Ao dizer que os Espíritos são inacessíveis às impressões da nossa matéria, queremos falar dos Espíritos mais elevados, cujo envoltório eterizado não encontra termos de comparação na Terra. Não se dá o mesmo com aquele cujo perispírito é mais denso, pois ele percebe os nossos sons e sente os nossos odores, mas não por uma parte determinada do seu organismo, como quando vivo. Poderíamos dizer que as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o seu ser, chegando assim ao seu sensorium commune, que é o próprio Espírito, mas de maneira diversa, produzindo talvez uma impressão diferente, que acarreta uma modificação na percepção. Eles ouvem o som da nossa voz, e no entanto nos compreendem sem necessidade da palavra, pela simples transmissão do pensamento, o que é demonstrado pelo fato de ser essa penetração mais fácil para o Espírito desmaterializado. A faculdade de ver é um atributo essencial da alma, para a qual não há obscuridade, e apresenta-se mais ampla e penetrante entre os que estão mais purificados. A alma, ou o Espírito, tem portanto em si mesma a faculdade de todas as percepções. Na vida corpórea elas são obliteradas pela grosseria dos nossos órgãos; na vida extra-corpórea, libertam-se mais e mais, à medida que se torna menos denso o envoltório semi-material.

Tomado do meio ambiente, esse envoltório varia segundo a natureza dos mundos. Ao passar de um mundo para outro, os Espíritos mudam de envoltório, como mudamos de roupa ao passar do inverno ao verão, ou do pólo ao equador. Os Espíritos mais elevados, quando vêm visitar-nos, revestem o perispírito terrestre, e então as suas percepções se assemelham às dos Espíritos vulgares. Mas todos eles, inferiores e superiores, só ouvem e sentem o que querem ouvir e sentir. Como não possuem órgãos sensoriais, podem tornar à vontade as suas percepções ativas ou nulas havendo apenas uma coisa que são forçados a ouvir: os conselhos dos bons Espíritos. A vista é sempre ativa, mas eles podem tornar-se invisíveis uns para os outros. Conforme a classe a que pertençam, podem ocultar-se dos que lhes são inferiores, mas não dos superiores. Nos primeiros momentos após à morte a vista do Espírito é sempre turva e confusa, esclarecendo-se na proporção em que ele se liberta e podendo adquirir a mesma clareza que tinha durante a vida, além da possibilidade de penetrar nos corpos opacos. Quanto à sua extensão através do espaço infinito, no passado e no futuro, depende do grau de pureza e elevação do Espírito.

Toda esta teoria, dir-se-á, não é muito tranqüilizadora. Pensávamos que, uma vez desembaraçados do nosso envoltórío grosseiro, instrumento de nossas dores, não sofreríamos mais, e nos ensinais que sofreremos ainda, pois podemos ainda sofrer, e muito, durante longo tempo. Mas podemos também não sofrer mais, desde o instante em que deixamos esta vida corpórea.

Os sofrimentos deste mundo às vezes decorrem de nossa própria vontade. Que se remonte à origem e ver-se-á que a maioria são conseqüências de causas que poderíamos ter evitado. Quantos males, quantas enfermidades o homem deve apenas aos seus excessos, à sua ambição, às suas paixões, enfim? O homem que tivesse vivido sempre sobriamente, que não houvesse abusado de nada, que tivesse sido sempre de gostos simples e desejos modestos, se pouparia de muitas tribulações. O mesmo acontece ao Espírito: os sofrimentos que ele enfrenta são sempre conseqüência da maneira por que viveu na Terra. Não terá, sem dúvida, a gota e o reumatismo, mas terá outros sofrimentos, que não serão menores.

Já vimos que esses sofrimentos são o resultado dos laços que ainda existem entre o Espírito e a matéria. Que quanto mais ele estiver desligado da influência da matéria, ou seja, quanto mais desmaterializado, menos sensações penosas sofrerá. Depende dele afastar-se dessa influência, desde esta vida, pois tem o livre arbítrio e por conseguinte a faculdade de escolha entre o fazer e o não fazer. Que dome as suas paixões animais; que não tenha ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho: que não se deixe dominar pelo egoísmo; que purifique sua alma, pelos bons sentimentos; que pratique o bem; que não dê às coisas deste mundo senão a importância que elas merecem; e então, mesmo sob o seu envoltório corpóreo, já se terá purificado, desprendido da matéria, e quando o deixar, não sofrerá mais a sua influência. Os sofrimentos físicos por que tiver passado não lhe deixarão nenhuma lembrança penosa; não lhe restará nenhuma impressão desagradável, porque estas não afetaram o Espírito, mas apenas o corpo; sentir-se-á feliz por se ter libertado, e a tranqüilidade de sua consciência o afastará de todo sofrimento moral.

Interpelamos sobre o assunto milhares de Espíritos, pertencentes a todas as classes sociais, a todas as posições. Estudamo-los em todos os períodos da vida espírita, desde o instante em que deixaram o corpo. Seguimo-los passo a passo na vida de além-túmulo, para observar as modificações que neles se operavam, nas suas idéias, nas suas sensações. E a esse respeito os homens vulgares não foram os que nos forneceram menos preciosos elementos de estudo. Vimos sempre que os sofrimentos estão em relação com a conduta, da qual sofrem as conseqüências, e que essa nova existência é uma fonte de felicidade inefável para aqueles que tomaram o bom caminho. De onde se segue que os que sofrem é porque assim quiseram e só devem queixar-se de si mesmos, tanto no outro mundo quanto neste.
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MensagemAssunto: Re: ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS   ALLAN KARDEC - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Página 3 EmptySáb Mar 06, 2010 9:23 pm

V — Escolha das Provas

258. No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?
— Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio.

258-a. Não é Deus quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?
— Nada acontece sem a permissão de Deus, porque foi Ele quem estabeleceu todas as leis que regem o universo. Perguntareis agora por que Ele fez tal lei em vez de tal outra! Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade dos seus atos e das suas conseqüências; nada lhe estorva o futuro; o caminho do bem está à sua frente, como o do mal. Mas se sucumbir, ainda lhe resta uma consolação, a de que nem tudo se acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe recomeçar o que foi mal feito. É necessário distinguir o que é obra da vontade de Deus e o que é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós que o criastes, mas Deus; tivestes, porém, a vontade de vos expordes a ele, porque o considerastes um meio de adiantamento; e Deus o permitiu.

259. Se o Espírito escolhe o gênero de provas que deve sofrer, todas as tribulações da vida foram previstas e escolhidas por nós?
— Todas, não é bem o termo, pois não se pode dizer que escolhestes e previstes tudo o que vos acontece no mundo, até as menores coisas. Escolhestes o gênero de provas; os detalhes são conseqüências da posição escolhida, e freqüentemente de vossas próprias ações. Se o Espírito quis nascer entre malfeitores, por exemplo, já sabia a que deslize se expunha, mas não conhecia cada um dos atos que praticaria; esses atos são produtos de sua vontade ou do seu livre arbítrio: O Espírito sabe que, escolhendo esse caminho, terá de passar por esse gênero de lutas; e sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe quais os acontecimentos que o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias e da força das coisas. Só os grandes acontecimentos, que influem no destino, estão previstos. Se tomas um caminho cheio de desvios, sabes que deves ter muitas precauções, porque corres o perigo de cair, mas não sabes quando cairás, e pode ser que nem caias, se fores bastante prudente. Se ao passar pela rua uma telha te cair na cabeça, não penses que estava escrito, como vulgarmente se diz.

260. Como o Espírito pode querer nascer entre gente de má vida?
— É necessário ser enviado ao meio em que possa sofrer a prova pedida. Pois bem: o semelhante atrai o semelhante, e para lutar contra o instinto do banditismo é preciso que ele se encontre entre gente dessa espécie.

260-a. Se não houvesse gente de má vida na Terra, o Espírito não poderia encontrar nela o meio necessário a certas provas?
— E deveríamos lamentar isso? É o que acontece nos mundos superiores, onde o mal não tem acesso. É por isso que neles só existem bons Espíritos. Fazei que o mesmo aconteça, bem logo, em vossa Terra.

261. O Espírito, nas provas que deve sofrer para chegar à perfeição, terá de experimentar todos os gêneros de tentações? Deverá passar por todas as circunstâncias que possam provocar-lhe o orgulho, o ciúme, a avareza, a sensualidade, etc.?
— Certamente não, pois sabeis que há os que tomam, desde o princípio, um caminho que os afasta de muitas provas. Mas aquele que se deixa levar pelo mau caminho corre todos os perigos do mesmo. Um Espírito pode pedir a riqueza e esta lhe ser dada; então, segundo o seu caráter, poderá tornar-se avarento ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda entregar-se a todos os prazeres da sensualidade. Mas isso não quer dizer que ele devia cair forçosamente em todas essas tendências.

262. Como pode o Espírito, que em sua origem é simples, ignorante e sem experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável pela sua escolha?
— Deus supre a sua inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir como fazes com uma criança desde o berço. Mas deixa-lhe pouco a pouco a liberdade de escolher, à medida que o seu livre arbítrio se desenvolve. É então que ele muitas vezes se extravia, tomando o mau caminho, por não ouvir os conselhos dos bons Espíritos. E a isso que podemos chamar a queda do homem.

262-a. Quando o Espírito goza do seu livre arbítrio a escolha da existência corpórea depende sempre exclusivamente da sua vontade, ou essa existência pode lhe ser imposta pela vontade de Deus, como expiação?
— Deus sabe esperar: não precipita a expiação. Entretanto pode impor certa existência a um Espírito, quando este, por sua inferioridade ou má vontade, não está apto a compreender o que lhe seria mais proveitoso, e quando vê que essa existência pode servir para a sua purificação, o seu adiantamento, e ao mesmo tempo servir-lhe de expiação.

263. O Espírito faz a sua escolha imediatamente após a morte?
— Não, pois muitos crêem na eternidade das penas, e como já vos foi dito, isso é um castigo.

264. O que orienta o Espírito na escolha das provas?
— Ele escolhe as que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, e fazê-lo adiantar mais rapidamente. Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros, experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar e pelas más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato com o vício.

265. Se alguns Espíritos escolhem o contato com o vício, como prova, há os que o escolhem por simpatia e pelo desejo de viver num meio adequado aos seus gostos, ou para poderem entregar-se livremente às suas inclinações materiais?
— Há, por certo, mas só entre aqueles cujo senso moral é ainda pouco desenvolvido; a prova decorre disso, e eles a sofrem por tempo mais longo. Cedo ou tarde compreenderão que a satisfação das paixões brutais tem para eles conseqüências deploráveis, que terão de sofrer durante um tempo que lhes parecerá eterno. Deus poderá deixá-los nesse estado até que eles tenham compreendido suas faltas, pedindo por si mesmos o meio de resgatá-las em provas proveitosas.

266. Não parece natural que os Espíritos escolham as provas menos penosas?
— Para vós, sim; para o Espírito, não. Quando ele está liberto da matéria, cessa a ilusão, e a sua maneira de pensar é díferente.
O homem, submetido na Terra à influência das idéias carnais, só vê nas suas provas o lado penoso. E por isso que lhe parece natural escolher as que, do seu ponto de vista, podem subsistir com os prazeres materiais. Mas na vida espiritual ele compara os prazeres fugitivos e grosseiros com a felicidade inalterável que entrevê, e então que lhe importam alguns sofrimentos passageiros. O Espírito pode escolher a prova mais rude e em conseqüência a existência mais penosa, com a esperança de chegar mais depressa a um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar mais rapidamente. Aquele que deseja ligar o seu nome à descoberta de um país desconhecido não escolhe um caminho coberto de flores, pois sabe os perigos que corre, mas sabe também a glória que o espera, se for feliz.
A doutrina da liberdade de escolha das nossas existêncies, e das provas que devemos sofrer, deixa de parecer estranha. Quando consideramos que os Espíritos, libertos da matéria, apreciam as coisas de maneira diferente da nossa. Eles antevêm o fim, e esse fim lhes parece muito mais importante que os prazeres fugitivos do mundo. Depois de cada existência, vêem o progresso que fizeram e compreendem quanto ainda lhes falta em pureza para o atingirem. Eis porque se submetem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, pedindo eles mesmos aquelas que podem fazê-los chegar mais depressa. Não há pois, motivo para nos admirarmos de ver o Espírito não dar preferência à existência mais suave. No seu estado de imperfeição, ele não pode desfrutar a vida sem amarguras, que apenas entrevê; e é para atingi-la que procura melhorar-se.
Não vemos diariamente exemplos de coisas parecidas? O homem que trabalha uma parte de sua vida, sem tréguas nem descanso, a fim de ajuntar o necessário pera o seu bem-estar não desempenha uma tarefa que se impôs, com vistas a um futuro melhor? O militar que se oferece para uma missão perigosa, o viajante que não enfrenta menores perigos, no interesse da Ciência ou de sua própria fortuna, não se submetem a provas voluntárias, que devem proporcionar-lhes honra e proveito, se as vencerem? A que o homem não se expõe, pelo seu interesse ou pela sua glória? Todos os concursos não são provas voluntárias para melhorar na carreira escolhida? Não se chega a nenhuma posição social de elevada importância, nas Ciências, nas artes, na indústria, sem passar pela série de posições inferiores, que são outras tantas provas. A vida humana é assim o decalque da vida espiritual. Nela encontramos em menor escala todas as peripécias daquela. Se na vida terrena escolhemos muitas vezes as provas mais difíceis, com vistas a um fim mais elevado, por que o Espírito, que vê mais longe, e para quem a vida do corpo é apenas um incidente fugitivo, não escolherá uma existência penosa e laboriosa, se ela o deve conduzir a uma felicidade eterna? Aqueles que dizem que se pudessem escolher a sua existência teriam pedido a de príncipes ou milionários, são como os míopes que não vêem o que tocam, ou como as crianças gulosas que respondem, quando perguntamos que profissão preferem: pasteleiros ou confeiteiros.
Da mesma maneira, o viajante no fundo de um vale nevoento, não pode ver a extensão nem os pontos extremos da sua rota; mas, chegando ao cume da montanha, seu olhar abrange o caminho percorrido e o que falta a percorrer, vê o final de sua viagem, os obstáculos que ainda tem de vencer, e pode então escolher com mais segurança os meios de o atingir. O Espírito encarnado é como o viajante no fundo do vale; desembaraçado dos liames terrestres, é como o que atingiu o cume. Para o viajante, o fim é o repouso após a fadiga para o Espírito, é a felicidade suprema, após as tribulações e as provas.
Todos os Espíritos dizem que, no estado errante, buscam, estudam, observam, para fazerem suas escolhas. Não temos um exemplo disso na vida corpórea? Não buscamos muitas vezes através dos anos a carreira que livremente acabamos por escolher, porque a achamos a mais apropriada aos nossos objetivos? Se fracassamos numa, procuramos outra. Cada carreira que abraçamos é uma fase, um período de vida: Não empregamos cada dia em escolher o que faremos no outro? Ora, o que são as diferentes existências corpóreas, para o Espírito, senão fases, períodos, dias da sua vida espírita, que, como o sabemos, é a vida normal, não sendo a vida corporal mais o que transitória, passageira?

267. O Espírito poderia fazer a sua escolha durante a vida corporal?
— Seu desejo pode ter influência. Isso depende da intenção. Mas, no estado de Espírito, freqüentemente vê as coisas de maneira bem diversa. É o Espírito quem faz a escolha. Mas, ainda assim, ele pode fazê-la nesta vida material, porque o Espírito tem sempre os momentos em que se liberta da matéria.

267-a. Muitas pessoas desejam grandezas e riquezas, mas não como expiação nem como prova.
— Sem dúvida; a matéria deseja essa grandeza para gozá-la, e o Espírito a deseja para conhecer-lhe as vicissitudes.

268. Até que chegue ao estado de perfeita pureza, o Espírito tem de passar constantemente por provas?
— Sim, mas elas não são como as entendeis. Chamais provas às tribulações materiais; ora, o Espírito, chegado a um certo grau, mesmo sem ser perfeito, não tem mais nada a sofrer. Mas tem sempre deveres que o ajudam a se aperfeiçoar, e que não são penosos para ele, a não ser os de ajudar os outros a se aperfeiçoarem.

269. O Espírito pode enganar-se quanto à eficácia da prova que escolher?
— Pode escolher uma que esteja acima das suas forças, e então sucumbe. Pode também escolher uma que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Mas, nesse caso, voltando ao mundo dos Espíritos, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido.

270. A que se devem as vocações de certas pessoas e sua vontade de seguir uma carreira em vez de outra?
— Parece-me que podeis responder por vós mesmos a esta questão. Não é a conseqüência de tudo o que dissemos sobre a escolha das provas e sobre o progresso realizado numa existência anterior?

271. Quando o Espírito estuda, na erraticidade, as diversas condições em que poderá progredir, como julga poder fazê-lo, se nascer entre canibais?
— Não são os Espíritos já adiantados que nascem entre os canibais, mas os Espíritos da mesma natureza dos canibais, ou que lhes são inferiores.
Sabemos que os nossos antropófagos não estão no último grau da escala, e que há mundos onde o embrutecimento e a ferocidade ultrapassam tudo que existe na Terra. Esses Espíritos são, portanto, ainda inferiores aos mais inferiores do nosso mundo, e vir para o meio dos nossos selvagens é para eles um progresso, como seria um progresso para os nossos antropófagos exercer entre nós uma profissão que não os obrigasse a derramar sangue. Se eles não visam a mais alto, é porque a sua inferioridade moral não lhes permite compreender um progresso mais completo. O Espírito não pode avançar senão gradualmente; não pode transpor de um salto a distância que separa a barbárie da civilização. E está nisso uma necessidade da reencarnação, que se mostra verdadeiramente de acordo com a justiça de Deus. De outra maneira, em que se transformariam esses milhões de seres que morrem diariamente no último estado de degradação, se não tivessem meios de se elevar? Por que Deus os teria deserdado dos favores concedidos aos demais?

272. Os Espíritos procedentes dum mundo inferior à Terra, ou dum mundo muito atrasado, como os canibais, poderiam nascer entre os povos civilizados?
— Sim, há os que se extraviam, ao quererem subir muito alto; mas ficam deslocados entre vós, porque têm hábitos e instintos que se chocam com os vossos.
Esses seres nos dão o triste espetáculo da ferocidade em meio da civilização. Retornando para o meio dos canibais, isso não será um retrocesso, pois não farão mais do que retomar o seu lugar, e talvez ainda com proveito.

273. Um homem pertencente a uma raça civilizada poderia, por expiação, reencarnar-se numa raça selvagem?
— Sim, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que tenha sido duro para os seus escravos poderá tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a outros. Aquele que mandou numa época, pode, em outra existência, obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. É uma expiação, se ele abusou do poder e Deus pode determiná-la. Um bom Espírito pode, para os fazer avançar, escolher uma vida de influência entre esses povos. Então se tratará de uma missão.


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