| | POESIA ERÓTICA... | |
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+3Mónica Cacém Paulina Anarca 7 participantes | |
Autor | Mensagem |
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Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Seg Jan 17, 2011 11:58 pm | |
| O terceiro elemento
eram ele e ela dois, os dois apenas ela por ele em cima ele dentro embaixo atrás ao lado dentro dela ela gemia ele sorria ela gritava ele batia puxava os cabelos dela e ela inclinava ainda mais as ancas giros fortes ela ele dentro dela, apenas os dois.
então ela por cima o comia feito um homem dizia quieto dizia mexe dizia goza ela por cima dele, ele dentro dela ela pedia dizia mete dizia fode mandava nele e ele só fazia o que ela queria.
e então um dia ele dentro dela o dedo dela escorregou pra dentro dele ele gemeu brigou não quero machuca e ela ouviu sorriu enquanto o dedo dela brincava gentil dentro dele e ele não mais resistia.
e não bastou para ela, não. ela sabia o que ele queria embora ele não soubesse que podia então no ouvido dele sussurrava coisas esquisitas aflita, louca
ele dentro dela sempre ela se contorcia em gozo, tonta mas queria outro com eles queria outro na sua boca enquanto ele a fodia.
então dizia rouca a ele a sua fantasia no ouvido dele o outro descrito como ela queria contava e ele o que o outro fazia enquanto ele, cada vez mais louco a fodia forte um garanhão ela tesão que o consumia pedia mais mais forte enquanto dizia e ele o que seus olhos viam: o outro sobre ele enquanto ele a comia as pernas dele abertas enquanto ela puxava as nádegas dele e o abria para o outro que o fodia o outro que a beijava sobre os ombros dele e ele via e punha a própria língua entre as línguas deles: do outro que o comia e dela, que ele fodia bem e forte como só ele sabia
ela falava e ele via e ele sentia e queria desvairado louco tonto embarcar naquela fantasia que era dela - e por ser dela, ele se desculpava isso o redimia e então ele podia ser o macho ser a fêmea e ele podia ser qualquer coisa qualquer forma de prazer valia e ele punha os dedos dele, juntos na boca que ela oferecia e junto com ela lambia chupava os dedos grossos, os dois ao mesmo tempo e os dedos eram o pênis do outro que ela queria.
juntos podiam tudo até tornar o outro mais que fantasia e isso era o que ele mais queria e isso era o que ele mais temia.
(Nálu Nogueira) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qui Jan 20, 2011 12:32 pm | |
| Poema do "galinha"
Se posso fazer uma queixa Se tenho um desgosto profundo É o de saber que se o mundo A cada dia que o deixa Me desse uma mulher diferente Eu morreria certamente Sem ter vivido a contento Sem conhecer um por cento Das que teria querido
Mulher, és um fruto da terra E não podes dizer que erra Aquele que saboreia a uva ou a amora Mas que mangas e ameixas adora
Quase não encontro quem negue Que tu és o doce da vida E tanta doçura te foi entregue Que te apresentas dividida És mil-folhas de mel e canela Raspas de fundo de panela Peitinho-de-moça e cocada Torta perfeita açucarada
Como as flores tão bem conhecidas Varias em textura e fragrância És rosa, violeta, hortênsia Sempre-vivas, acácias, margaridas
Em todas procuro o todo Mas cada uma tem parte que quero Se só juntas possuem o que espero Tomar uma apenas é engodo
Não lamentes se permito Que meu olhar se desvie de ti Pois sendo o meu amor infinito E dá-lo a outras resolvi Não te subtraio, sou rico Somei, não dividi
A ti mulher da minha vida E às outras que conheci Dedicarei minha lida E as obras que construí E quando chegar a partida Relembrarei com carinho Das frutas e das horas floridas Que me adoçaram o caminho
(Mourão) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sex Jan 21, 2011 2:26 pm | |
| Espera
A pele anseia o toque, arrepia, transbordando desejos. Lábios e língua antecipam o beijo esperado olhos semicerrados boca entreaberta (delírios!) Sobre os lençóis em desalinho, ela espera (seios que se oferecem, coxas que se contraem) espera.
O corpo dela exala as secreções mais belas ancas de acasalar (tortura!) a mão passeia lânguida no lento passar das horas, como a confortar pele, púbis, pêlos, os dedos procuram consolo, não quer espera. Ainda que a noite esteja deixando seus olhos, espera; ainda que o fogo da lareira se apague, espera.
Esta noite quer apenas o homem que espera, entregar-se a ele, amá-lo por toda a noite como a ninguém, antes. Olhá-lo do modo lindo que inventou, então espera.
(O desejo a consome, o contato dos lençóis na pele nua, as mãos tocando displicentemente os mamilos à luz amarela e frágil da lareira que ilumina o corpo em torturante expectativa)
Guarda-se pare ele. Espera. Porque seu desejo só se realiza no desejo dele, na cumplicidade dos dois fundindo-se, ardentes, executando o mais belo e primitivo ballet
(sôfregos, lindos, dançando lentos, girando, bocas, línguas, mãos, suores, girando o corpo dela em movimentos sensuais de amores ele dentro dela, delírios, para sempre dentro dela a alma o corpo, o amor o olhar lindo que ela inventou paixão, ternura, naqueles olhos tudo o corpo dele sobre o dela o seu beijo a língua a pele as mãos) imagens que ela inventa antes de adormecer.
(Nálu Nogueira) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sáb Jan 22, 2011 2:39 pm | |
| Paixão
Será, mago, que esquizóides se apaixonam? Paixão é peregrinação de pés descalços em meio ao baile da superfície É carregar uma cruz de odores e vácuos por entre uma platéia barulhenta para depositar aos pés do ser desejado.
Esquizóides são eremitas do subterrâneo, e tu estás em meio a uma orgia de palpáveis cheiros, existires que se roçam, e se umedecem, e se mordem.
Esquizóides não suportam os grupos de humana carne pensante.
estás confortável nas coisas e nos entes, mandando que se curvem ao teu egocentrismo bizarro e és obedecido fielmente (?).
Esquizóides não suportam taras alheias só há a própria loucura a neurose do outro não comove.
Esquizóides têm covas têm teias suspiram hipnose. Nunca vão à caça. Apenas esperam.
Famintos, sedentos, inanes.
Com garras pontiagudas, veneno em riste, dentes rebrilhando na escuridão: O esfacelamento dos curiosos é óbvio.
Não se iluda, mago, nem tema. Enquanto estiveres na luz do mundo Nenhum esquizóide te perseguirá para refeição. Estás protegido pela realidade que destrói esquizóides.
Ah...! Mas deixaste cair uma migalha de ti num tango no qual eu navegava guiada por tua voz... Não sabes o que esquizóides podem fazer com restos... Nem te atrevas a prever toda a poesia que vou criar com tua lembrança.
(Naâmir) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Seg Jan 24, 2011 6:52 pm | |
| Paga e repaga
A paga
eu gostaria muito sim talvez dar uma enorme foda todo o mês numa mulher que se chamasse Inês e que tivesse um gato siamês que não me chateasse cada vez que nela me pusesse de viés porque as mulheres pensam que talvez no foder se paga tudo de uma vez
mas nunca se lembram que ao invés o pagar nada tem com as fodas que dês porque ainda ontem dei ai umas dez e a paga que tive foi um chato burguês
A repaga
não penses tu proleta fodilhão que lá por seres caralho tens razão nem que todas as fodas que me dês são a fácil desforra do tesão
porque a cona é que sabe do vir ou do não vir e só no seu sorrir é que o caralho sobe
mas se és mal pago não vais morrer de fomes e se me pagas não pagas o que comes.
(e o chato talvez não seja mais que o teu retrato português)
(E. M. de Melo e Castro) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sex Jan 28, 2011 10:26 pm | |
| Maldição
Maldito seja o dia em que te vi, Quando te desejei, Quando te conheci, Quando telefonei, Quando saí e te encontrei, Mesmo sabendo que era tudo um capricho da tua vaidade...
Me fiz prisioneiro de um desejo, Escravo de uma beleza perigosa e contraditória Que me faz gozar com um beijo, Mas nunca traz a certeza no final da história...
Mais uma conquista barata, Mais uma conversa de bar, Mais uma conserva de geladeira, Consumida toda, inteira, Lentamente, bem devagar...
Não gosto de pensar como teria sido sem você... Prefiro acreditar que foi coisa do destino, Que não havia escolha possível...
Tenho saudades de você, Mas prefiro me manter calado, Para outra vez te conquistar, Por não suportar ter sido rejeitado Por não ter mais você ao meu lado Para ter você nas minhas mãos e depois te abandonar...
(Maurício de Lima) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Ter Fev 15, 2011 2:33 pm | |
| Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser. É alta, de um louro escuro, faz bem só pensar em ver seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (se ela estivesse deitada) dois montinhos que amanhecem sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco assenta em palmo espalhado sobre a saliência do flanco do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gnomo. Meu Deus, qusndo é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
(Fernando Pessoa) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sáb Mar 26, 2011 2:02 pm | |
| Se tu viesses ver-me hoje à tardinha
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus barcos...
Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca... o eco dos teus passos... O teu riso de fonte... os teus abraços... Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca, Traça as linhas dulcíssimas dum beijo E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca... Quando os olhos se me cerram de desejo... E os meus braços se estendem para ti...
(Florbela Espanca) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Ter Jun 21, 2011 9:23 pm | |
| Quando um homem ama uma mulher...
Depois de um dia de labuta, Quando as forças estão esgotadas, O guerreiro quer abrigo, Quer beber com um amigo, Quer voltar para sua amada...
E o amor tem dessas coisas, Admiração, respeito e cumplicidade... Enquanto é cego é perfeito, Pois no outro não há defeito, Só se vê felicidade...
E se amar é uma vocação, Beber é uma necessidade... Por amor um homem se aniquila Numa garrafa de tequila Prá fugir da realidade...
Mas o homem só se destrói Quando vê que sua amada É um ser humano comum, Como ele próprio é um, E que de especial não tem nada...
Talvez veja nela a si mesmo, Como num espelho se vê o reflexo... Talvez veja nela a mediocridade, Com alguns lampejos de vaidade... Terá, enfim, algo complexo...
"Não sei se vou ou se fico", Dirá a si mesmo o condenado... Pois tudo o que sonhara na vida Não passou da ilusão perdida De um coração apaixonado...
Terá crises de consciência Quando lembrar do passado... E todos os erros e mazelas Serão atribuídos a ela Como se ele não fosse também culpado...
Pensará nas orgias vividas, Nos excessos cometidos, Nas mulheres possuídas, Nos cigarros, nas músicas e nas bebidas... "E com ela, como terá sido?"
"Quantos homens ela teve?" "Quando, onde e como ela fodeu?" "Será que ela pensa em algum amante?" "Como foi que eu não vi tudo antes?" "E a primeira vez, como aconteceu?"
Ficará cheio de dúvidas E criará mil problemas... Tomando "uma" esquecerá a dor... Talvez sinta novamente o amor... Talvez resolva seu dilema...
Pois somente um ser puro É digno de ser amado... E a bebida suaviza o que é duro, Torna claro o que é escuro, Mantém tudo bom e imaculado...
Bêbado, ela será uma santa... Sóbrio, ela será uma cadela... Bêbado, desejará tê-la ao leito... Sóbrio, o orgulho lhe apertará o peito E o afastará da presença dela...
Ela não entenderá como Nem porquê tal transformação... O homem da sua vida não bebia, Não xingava nem lhe batia E hoje só lhe traz humilhação...
Depois de algum tempo, já cansada De tentar entender a mudança, Ela passará a culpar a bebida Por ele estar "broxando" na vida... Perderá, por fim, as esperanças...
E o que antes não existia de fato, Com gole de vinho seleto, Sairá do plano abstrato, Das idéias de um corno nato, E passará para o plano concreto...
Um corpo feminino jovem e bonito Não fica menos atraente Quando é mal servido de carícias, Quando do sexo não recorda as delícias, Se os desejos se mantêm ardentes...
Assim nasce um corno... Uma rotina, uma idéia e uma bebida... Um diálogo não consumado, uma palavra mal colocada, Um gesto impensado, uma ofensa lançada, Uma vida destruída pelo silêncio...
Assim nasce um bêbado... Uma rotina, uma idéia e uma bebida... Uma paixão apagada, uma paisagem sem cor, Um desejo de paz, um sofrimento sem dor... Uma vida esquecida pela embriagues...
Beber para esquecer a dor de não poder mais aceitar Os defeitos de quem amamos um dia... Para aliviar a angústia e o arrependimento... Para conseguir ser feliz nestes momentos, Idolatrando bêbado o que sóbrio se via...
Ele não a abandona enquanto sóbrio Porque o hábito o fará novamente embriagado... Quando bêbado os defeitos dela desaparecem, Seu amor, seu carinho novamente florescem, Ele se sente sujo e envergonhado...
Agora que ela passou a ter amantes... Ele é só mais um miserável Que em nada se parece com o homem de antes...
Hoje ele bebe até cair na beira da calçada... Sóbrio, diz não aceita "aquela" conduta... Bêbado, chora até ficar com a boca travada... Diz para si mesmo que é triste amar puta... Principalmente as mais procuradas...
(Maurício de Lima) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qua Jun 22, 2011 11:25 pm | |
| O Pincel
MOTE
Fui uma noite pintar Com um caneco emprestado; Eu pintei sem reparar, Pintei e fiquei pintado.
GLOSAS
Eu comecei com jeitinho A compor o ramalhete; Primeiro foi com azeite E depois foi com cuspinho. No começo era estreitinho, Custava o pincel a entrar... Começa a dona a gritar: "Não me parta a tigelinha", Mas que coisa engraçadinha, Fui uma noite pintar...
Comecei devagarinho... Quando fui ao outro mundo Meti o pincel ao fundo E parti o canequinho. Até mesmo o pincelinho Veio de lá todo pintado, Eu já estava desmaiado, Perdendo as cores do rosto; Mas pintei com muito gosto Com um caneco emprestado.
Vem a mãe toda zangada: "Tem que pagar-me a vasilha... No caneco da minha filha Não pinta você mais nada... ...Lá isto, a moça deitada, Sem poder levantar-se, Com tanta tinta a pingar No lugar da rachadela!..." "Diga lá, que desculpe ela, Eu pintei sem reparar!"...
P'ra que vejam que sou pintor E meu pincel nunca deixo; P'ra que saibam que o Aleixo Não é somente cantor... Também pinto qualquer flor E faço qualquer bordado; Mas aqui o ano passado, Perdi, de pintar, o tino... Fui pintar, fiz um menino, Pintei e fiquei pintado.
(António Aleixo) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qua Fev 01, 2012 1:33 pm | |
| Nova bárbara escrava
Barborinha uma crioula: Faz de bahiana evocada Num hotel de vidro e avenca; Usa torço cor-de-rosa, Pano-da-costa fingido, Chambre crivado no seio: Seu balangandã preserva-a Bem menos que seu enleio. Para não ver os meus olhos Figa branca, figa preta - Atira-as pra trás nas costas, Tão bem, que só vê diante A cuia do vatapá: Mas eu sei quantas pancadas, Vindo assim, seu peito dá. Peixinho moreno, pula No aquário do hotel de luxo Como gota de água ao céu: Tem vergonha de ser mate, O seu passo é como um véu. Barborinha é uma crioula (Mulatinha era demais): As cores, à parte, são várias: Unidinhas, são iguais. Vem servir-me cor-de-rosa, Parda me serve xinxim (Pérfido, atraso o jantar Fitando-a entro e mim). Mas o que serve em verdade A Barborinha morena, Na sua saia bahiana Com roda de campainha, Não é o envisco que comem Os peixes do hotel de vidro, Mas a sua graça apenas. Tão quente (sendo ela fria)! E as mãos! as mãos! tão pequenas, Tão pequenas, que eu diria Que as fazem penas e fogem As aves que há na Bahia!
(Vitorino Nemésio) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qui Fev 02, 2012 10:15 pm | |
| Canção cruel
Corpo de ânsia. Eu sonhei que te prostava, E te enleava Aos meus músculos!
Olhos de êxtase, Eu sonhei que em vós bebia Melancolia De há séculos!
Boca sôfrega, Rosa brava Eu sonhei que te esfolhava Petala a pétala!
Seios rígidos, Eu sonhei que vos mordia Até que sentia Vómitos!
Ventre de mármore, Eu sonhei que te sugava, E esgotava Como a um cálice!
Pernas de estátua, Eu sonhei que vos abria, Na fantasia, Como pórticos!
Pés de sílfide, Eu sonhei que vos queimava Na lava Destas mãos ávidas!
Corpo de ânsia, Flor de volúpia sem lei! Não te apagues, sonho! mata-me Como eu sonhei.
(José Régio) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sex Fev 03, 2012 1:23 pm | |
| A Torre de Babel ou a porra do Soriano
Eu canto do Soriano o singular mangalho! Empresa colossal! Ciclópico trabalho! Para o cantar inteiro e para o cantar bem precisava viver como Matusalém. Dez séculos!
Enfim, nesta pobreza métrica cantemos essa porra, porra quilométrica, donde pendem colhões que idéia vaga das nádegas brutais do Arcebispo de Braga.
Sim, cantemos a porra, o Carvalho iracundo que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo! Mastro de Leviathan! Iminência revel! Estando murcho foi a Torre de Babel Carvalho singular! É contemplá-lo É vê-lo teso! Atravessaria o quê? O sete estrelo!!
Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra juro que ninguém viu tão formidável porra É uma porra, arquiporra! É um caralhão atroz que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós e, ainda assim, fica o Carvalho preciso para cozer a Terra, Eva no Paraíso!!
É uma porra infinita, é um Carvalho insone que nas roscas outrora estrangulou Laoccoonte.
Oh, Carvalho imortal! Oh glória destes lusos! Tu podias suprir todos os parafusos que espremem com vigor os cachos do Alto Douro! Onde é que há um abismo, onde há um sorvedouro que assim possa conter esta porra do diabo??! O Marquês de Valadas em vão mostra o rabo, em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano! ? Nada, nada contém a porra do Soriano!!
Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova, que bainha, meu Deus, para esta porra nova, esta porra infeliz, esta porra precita, judia errante atrás duma crica infinita??
? Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto que lhe dá de abrir talvez um dia um terramoto para que deságüe, esta porra medonha, em grossos borbotões de clerical langolha!!!
A porra do Soriano, é um infinito assunto! Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto? Onde é que ela começa? Onde é que ela termina essa porra, que estando em Braga, está na China, porra que corre mais que o próprio pensamento que porra de pardal e porra de jumento?? Porra!
Mil vezes porra! Porra de bruto que é capaz de cozer o Cosmo num minuto!!
(Guerra Junqueiro) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sáb Fev 04, 2012 4:56 pm | |
| A mulher que passa
Meu Deus, eu quero a mulher que passa. Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca!
Oh! Como és linda, mulher que passas Que me sacias e suplicias Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos são poesia Teus sofrimentos, melancolia. Teus pêlos são relva boa Fresca e macia. Teus belos braços são cisnes mansos Longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Como te adoro, mulher que passas Que vens e passas, que me sacias Dentro das noites, dentro dos dias! Por que me faltas, se te procuro? Por que me odeias quando te juro Que te perdia se me encontravas E me encontravas se te perdias?
Por que não voltas, mulher que passas? Por que não enches a minha vida? Por que não voltas, mulher querida Sempre perdida, nunca encontrada? Por que não voltas à minha vida Para o que sofro não ser desgraça?
Meu Deus, eu quero a mulher que passa! Eu quero-a agora, sem mais demora A minha amada mulher que passa!
No santo nome do teu martírio Do teu martírio que nunca cessa Meu Deus, eu quero, quero depressa A minha amada mulher que passa!
Que fica e passa, que pacifica Que é tanto pura como devassa Que bóia leve como cortiça E tem raízes como a fumaça.
(Vinicius de Moraes) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Dom Fev 05, 2012 3:28 pm | |
| Do prazer dos homens casados
Mulheres minhas, infiéis, adoro amá-las: Vêem meu olho em sua pelve embutido E têm de encobrir o ventre já enchido (Como dá gozo assim observá-las).
Na boca ainda o sabor do outro homem Ela é forçada a dar-me tesão viva Com essa boca a rir para mim lasciva Outro Carvalho ainda no frio abdómen!
Enquanto a contemplo, quieto e alheio Do prato do seu gozo comendo os restos Esgana no peito o sexo, com seus gestos
Ao escrever os versos, ainda eu estava cheio! (O gozo ia eu pagar de forma extrema Se as amantes lessem este poema.)
(Bertolt Brecht) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Seg Fev 06, 2012 10:58 pm | |
| Da sedução dos anjos...
Anjos seduzem-se: nunca ou a matar. Puxa-o só para dentro de casa e mete- -Lhe a língua na boca e os dedos sem frete Por baixo da saia até se molhar Vira-o contra a parede, ergue-lhe a saia E fode-o. Se gemer, algo crispado Segura-o bem, fá-lo vir-se em dobrado P'ra que do choque no fim te não caia.
Exorta-o a que agite bem o cu Manda-o tocar-te os guizos atrevido Diz que ousar na queda lhe é permitido Desde que entre o céu e a terra flutue
Mas não o olhes na cara enquanto fodes E as asas, rapaz, não lhas amarrotes.
(Bertolt Brecht) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Ter Fev 07, 2012 10:16 pm | |
| Levanta Alzira os olhos pudibunda
Levanta Alzira os olhos pudibunda Para ver onde a mão lhe conduzia; Vendo que nela a porra lhe metia Fez-se mais do que o nácar rubicunda:
Toco o pentelho seu, toco a rotunda Lisa bimba, onde Amor seu trono erguia; Entretanto em desejos ardia, Brando licor o pássaro lhe inunda:
C'o dedo a greta sua lhe coçava; Ela, maquinalmente a mão movendo, Docemente o Carvalho embalava:
"mais depressa" lhe digo então morrendo, Enquanto ela sinais do mesmo dava; Mística pívia assim fomos comendo.
(Manuel Maria Barbosa du Bocage) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qua Fev 08, 2012 10:08 pm | |
| Beijemo-nos, apenas...
Não. Beijemo-nos, apenas, Nesta agonia da tarde.
Guarda Para um momento melhor Teu viril corpo trigueiro.
O meu desejo não arde; E a convivência contigo Modificou-me - sou outro...
A névoa da noite cai.
Já mal distingo a cor fulva Dosa teus cabelos - És lindo!
A morte, devia ser Uma vaga fantasia!
Dá-me o teu braço: - não ponhas Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos apenas, Que mais precisamos nós?
(António Botto) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qui Fev 09, 2012 11:38 pm | |
| Ouve, meu anjo
Ouve, meu anjo: Se eu beijasse a tua pele? Se eu beijasse a tua boca Onde a saliva é mel?
Tentou, severo, afastar-se Num sorriso desdenhoso; Mas aí!, A carne do assasssino É como a do virtuoso.
Numa atitude elegante, Misterioso, gentil, Deu-me o seu corpo doirado Que eu beijei quase febril.
Na vidraça da janela, A chuva, leve, tinia...
Ele apertou-me cerrando Os olhos para sonhar - E eu lentamente morria Como um perfume no ar!
(António Botto) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sex Fev 10, 2012 4:52 pm | |
| O meu amor
O meu amor Tem um jeito manso que é só seu E que me deixa louca Quando me beija a boca A minha pele inteira fica arrepiada E me beija com calma e fundo Até minh'alma se sentir beijada, ai
O meu amor Tem um jeito manso que é só seu Que rouba os meus sentidos Viola os meus ouvidos Com tantos segredos lindos e indecentes Depois brinca comigo Ri do meu umbigo E me crava os dentes, ai
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz Meu corpo é testemunha Do bem que ele me faz
O meu amor Tem um jeito manso que é só seu De me deixar maluca Quando me roça a nuca E quase me machuca com a barba malfeita E de pousar as coxas entre as minhas coxas Quando ele se deita, ai
O meu amor Tem um jeito manso que é só seu De me fazer rodeios De me beijar os seios Me beijar o ventre E me deixar em brasa Desfruta do meu corpo Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz Meu corpo é testemunha Do bem que ele me faz
(Chico Buarque) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Sáb Fev 11, 2012 8:13 pm | |
| Por onde ela passa...
Por onde ela passa todo mundo espia Não para a cara que não é formosa Mas para a bunda, que é maravilhosa Em bunda nunca vi tanta magia
Sobre, requebra e rodopia Numa expressão maravilhosa Deve ser uma bunda cor de rosa Da cor do céu quando desponta o dia
E ela sabe que sua bunda é boa Vai pela rua rebolando à toa Deixando a multidão maravilhada
Eu a contemplo num silêncio mudo Embora a cara não valesse nada Só aquela bunda me valia tudo!
(António Aleixo) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Seg Fev 13, 2012 12:29 pm | |
| Balofas carnes de balofas tetas
Balofas carnes de balofas tetas caem aos montões em duas mamas pretas chocalhos velhos a bater na pança e a fruta dança.
Flácidas bimbas sem expressão nem graça restos mortais de uma cusada escassa a quem do cu só lhe ficou cagança e a fruta dança.
A ver se caça com disfarce um chato coça na Tona e vai rompendo o fato até que o chato de morder se cansa e a fruta dança.
(António Botto) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Ter Fev 14, 2012 10:34 pm | |
| Beijo
Um beijo em lábios é que se demora e tremem no de abrir-se a dentes línguas tão penetrantes quanto línguas podem. Mas beijo é mais. É boca aberta hiante para de encher-se ao que se mova nela. E dentes se apertando delicados. É língua que na boca se agitando irá de um corpo inteiro descobrir o gosto e sobretudo o que se oculta em sombras e nos recantos em cabelos vive. É beijo tudo o que de lábios seja quanto de lábios se deseja.
(Jorge de Sena) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qua Fev 15, 2012 4:20 pm | |
| Se duvidas que teu corpo...
Se duvidas que teu corpo Possa estremecer comigo - E sentir O mesmo amplexo carnal, - desnuda-o inteiramente, Deixa-o cair nos meus braços, E não me fales, Não digas seja o que for, Porque o silêncio das almas Dá mais liberdade às coisas do amor.
Se o que vês no meu olhar Ainda é pouco Para te dar a certeza Deste desejo sentido, Pede-me a vida, Leva-me tudo que eu tenha - Se tanto for necessário Para ser compreendido.
(António Botto) | |
| | | Anarca
Mensagens : 13406 Data de inscrição : 02/06/2009
| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... Qui Fev 16, 2012 9:52 pm | |
| Os erros de Eros
Eros olha o espelho e vê narciso arder nas tetas insufladas um diabo qualquer prolonga a se fusão do orgasmo
meus erros são meus erros aqui presentes todos nesta escrita de pernas os penetro de fodas circulares
que inadequados ais ou dúvidas se alinham nas sevícias venais dos polícias que tinham
(E. M. de Melo e Castro) | |
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| Assunto: Re: POESIA ERÓTICA... | |
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| | | | POESIA ERÓTICA... | |
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