Durante anos as gentes de Setúbal faziam de Tróia a sua praia. Pela manhã enchiam-se barcos e, ao entardecer, cheios voltavam de volta à Cidade. Há c.20 anos nasceu o primeiro empreendimento privado na região, Soltróia. Uma Quinta do Lago em pequeno, um paraíso de praias desertas. Chega o Sr. Belmiro e o que faz? Apeia o cais de ferries de Tróia e empandeira-o para o Soltróia. Resultado, hoje as gentes de Setúbal continuam a ir à praia. Fazem uma viagem maior de barco, é mais caro e enchem as praias do Soltróia. Praia deserta só entre as 9h da noite e as 9h da manhã. Pessoas que ali compraram casas a um preço desmesurado, vivem numa Quarteira diurna permanente. Ora, quem for a Tróia não vê lá ninguém, só casas e os seus proprietários, gente de Setúbal nem vê-la. Num dos novos empreendimentos que o Senhor Belmiro constrói onde quer, encontra-se um supermercado de luxo, LUXO, onde para pegar no carrinha é obrigatório calçar luvas e onde pode encontrar tudo o que é bom, inclusivé produtos biológicos.
Pergunto, qual será a relação Belmiro/Sócrates que permitiu tal reviravolta? O empreendimento Soltróia, onde existem cancelas e segurança à porta por ser privado foi indemnizado? A relação entre "comerciantes" é muito mais estreita do que parece.
(Portugal Profundo - ana farinha)